Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

20
Mai22

Alice (2022-05-20)


canetadapoesia

 

Constou-me que já nasceste a protestar,

com tudo e com todos,

e que os berros eram tão altos que se ouviam corredor fora.

Certamente irritada por te retirarem do aconchego

em que te mantiveste nove meses,

sem saberes do mundo onde acabaste de entrar.

Longe das polémicas, das guerras e das atrocidades,

estavas em paz contigo mesma e trouxeram-te

para este mundo barulhento, quezilento,

sobretudo, pouco amistoso.

Mas espero que ele se acalme porque tu aqui entraste,

pequenina, franzina, mas já rebelde e protestativa.

O mundo espera por ti,

eu estou-lhe grato apesar de tudo,

sei que te vais impor nos teus anos vindouros

pela capacidade de o entenderes.

Bem-vinda, Alice, nascida no dia das abelhas,

Abelhinha do meu coração.

01
Mai22

Dia da minha mãe (2013)


canetadapoesia

 

 

Tirando o de hoje,

todos os dias são os teus dias,

e em todos eles me lembro de ti,

porque és o rochedo que me deu vida,

aquele para onde tantas ondas,

furiosas e assustadoras,

me atiraram e ao qual me agarrava,

como lapa na rocha, com o espírito de sobrevivência,

que só numa mãe o filho encontra,

é o teu dia, de reconhecimento mundial,

mas é só mais um dia,

do meu reconhecimento como teu filho.

21
Mar22

Ofendidos (2022-03-21)


canetadapoesia

 

 

Por entre a nuvem do pó que sobre ti derramaram

vi-te surgir cambaleante, mas lesta e decidida.

Coberta pelo sangue que as lágrimas,

em catadupa derramadas, iam limpando do corpo

porque a alma estava decididamente conspurcada

pela barbárie com que te tratavam.

De teu trazias junto ao coração, no braço esquerdo uma criança

no direito a trela do cão que a iria criar também

ao mesmo tempo que arrastavas a mala repleta

de todos os sonhos de uma vida pacífica e quem sabe,

talvez mesmo umas viagens de recreio e turismo.

Eras apresentada como personificação do típico nazi

Que a má memória de um bárbaro relembrou

como justificação das suas atrocidades imperdoáveis.

Em pleno século XXI o mundo assiste atónito

não só pelo mal que te causaram, mas também

pela semente que entre nós germina silenciosa.

Não há perdão que possa ser alegado para tanta destruição!

22
Dez21

A minha árvore deste Natal (2014-12-21)


canetadapoesia

 

 

Olhei para ela e ali estava, de pé, a árvore de Natal,

pequenina como sempre,

mas tão cheia de carinho e amor,

só tinha, agora, que lhe acrescentar os enfeites.

 

Conforme os ia acrescentando,

bolas brilhantes, luzinhas cintilantes,

e outros artefactos de embelezamento,

fui criando mentalmente

a minha árvore deste Natal,

invisível aos olhos humanos,

pois na alma me residia e,

estrela após estrela fui acrescentando-a,

à medida de tudo o que desejava.

 

Por cada amigo, mais uma estrela na alma,

e de cada brilho um novo desejo,

um voto de harmonia, de serenidade,

para que nesta Santa Noite,

todos comunguem em uníssono,

da paz, carinho e amor que lhes desejo.

 

Por isso, para todos,

quando digo todos, são mesmo todos,

os que me fizeram bem, os que me ignoraram ou,

mesmo aqueles que me fizeram mal,

quero manter a minha postura e desejar-lhes tudo de bom,

perdoar todos os males e ainda,

garantir-lhes uma das minhas estrelas mais cintilantes,

e que no ano que aí vem tenham tudo de bom,

tudo o que de melhor a vida lhes possa dar.

 

Para mim, um desejo mais simples,

manter-me humano e sensível

a tudo o que quero da vida,

para mim, para os meus, para os amigos e inimigos,

uma noite de Paz, Amor, Amizade e,

um ano pleno de felicidade.

21
Dez21

Apressados (2014-10-28)


canetadapoesia

 

 

Entram a correr, apressados,

encostam-se ao balcão,

pedem um café,

sôfregos,

engolem-no de um trago.

Sentem a adrenalina a subir,

trepa-lhes o corpo,

atinge-os no cérebro,

desencadeia reacções e,

sentem-se, enfim,

preparados para um novo dia,

prontos a enfrentar o stress que esta vida,

mais que qualquer outra coisa,

lhes proporciona em quantidade.

20
Dez21

Por trás da espera (2014-10-28)


canetadapoesia

 

 

Por trás do arbusto,

a espera faz-se até que,

incauta, a caça apareça.

Por trás da vida,

assim se processa a espera,

não pela incauta caça,

mas pela esperançosa vivência,

que se vai desfazendo

em estranhas sensações,

nubladas pelo receio

que esta espera representa.

A espera, que desespera e,

no entretanto,

nada mais que a espera,

que atormenta o espírito,

desta alma atormentada.

13
Dez21

Descrição (2014-10-28)


canetadapoesia

 

 

Não inventes mais estórias,

esse é um assunto que

só se entende se bem descrito,

portanto atreve-te, descreve,

mas descreve tudo,

até ao mais ínfimo pormenor.

Não omitas nada,

ainda que te pareça insignificante,

pois todos os detalhes

que fores desfiando

são importantes para que,

depois de tudo bem descrito,

se consiga então

identificar o objecto

das intermináveis estórias contadas

e dessa descrição tão intensa.

12
Dez21

Sabes lá tu (2014-10-29)


canetadapoesia

 

 

Dizes-me com a certeza dos conhecedores,

e repetes com ênfase que sim,

que estamos em pleno mês,

aquele em que o Outono se reconhece,

eu olho-te sem te desmentir,

e do meu rosto solta-se um sorriso,

singelo, feliz, gratificante.

Desse sorriso desprendem-se alegres,

os vários trinados de pássaros distintos e,

entre eles, algumas flores,

que aromatizam e coloram de arco-íris,

esta minha primavera.

Por mais que me demonstres,

que o teu conhecimento é grande e,

que até sabes quantas são,

quando começam e terminam,

as tuas estações do ano,

garanto-te que não as sigo,

as minhas são diferentes.

Sinto que hoje,

no teu consagrado Outono,

nasceu mais uma primavera,

a minha primavera e,

nem perguntes como,

não saberia explicar-te,

a não ser afiançar-te que,

no ar que hoje respiro,

há aromas primaveris,

daqueles que trazem promessas de verão,

há chilreio de aves que acredito,

serem de um paraíso que é meu,

por isso te digo que,

a primavera é quando um homem a sentir,

é quando quiser que ela seja,

é quando a merecer por querê-la.

Esta é a minha primavera,

mesmo que seja em pleno Outono.

09
Dez21

Silhueta (2014-10-22)


canetadapoesia

 

 

Pela silhueta se percebia o conteúdo,

rico em cor e textura, estonteante em odor e,

terrivelmente erótico pelos sabores que proporcionava.

Sem dúvida um despertador da alma,

essa insaciável caçadora

de prazeres mundanos e deliciosos.

Meteu-lhe o nariz pelo largo e apropriado orifício,

aspirou-lhe o aroma, um autêntico bouquet florido,

pelas bordas cirandou, deixando que a língua,

ávida de satisfazer o desejo,

por ali penetrasse sem que, inicialmente,

aprovasse tal delícia de esquisito sabor

pelas bordas espalhada,

penetrando então, fundo, orifício dentro,

até ao âmago onde, de um trago,

satisfez o prazer do vinho.

08
Dez21

Insaciável (2014-10-22)


canetadapoesia

 

 

Chupava e voltava à carga,

arremetia violentamente e,

voltava a chupar, sofregamente,

como se o néctar da vida,

que ela lhe tinha proporcionado,

pelas belíssimas fábricas maternas,

os volumosos e repletos seios,

se esgotasse abruptamente.

Repleto de lauta refeição,

gozando do prazer do estômago cheio,

sorria e gracejava em chilreios,

para o mundo que o observava,

sentia-se que pelo menos,

este não passava fome,

porque mãe que se preza,

alimenta o filho,

mesmo com parte de si.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Links

Caneta da Escrita

Arquivo

  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2021
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2020
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2019
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2018
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2017
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2016
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2015
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2014
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2013
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub