Vai chegando o lusco-fusco,
a noite aproxima-se e o sol,
já menos inebriante,
vai-se aconchegando também.
Um sereno entardecer.
Á minha volta o som difuso,
campestre e audível na sua diversidade,
um universo quase paralelo,
ao que estamos habituados,
sereno, calmo e relaxante.
No ponto mais elevado da aldeia,
a construção mais alta das que a rodeiam,
a torre da igreja,
e no cimo o sino,
que toca, repica e marca as horas.
Chama os crentes, avisa-os, informa-os.
Toca e retoca, repica de dia,
silencia-se à noite,
para retomar os seus sons,
mal a noite abre os olhos,
e a madrugada anuncia o novo dia.
Toca e repica,
o sino da aldeia, que pelos seus sons,
se transforma no jornal informativo.
Toca e repica.
Para onde vais humanidade?
Se abandonas a pureza das pequenas vilas,
das aldeias ancestrais,
para nos desertos citadinos,
ocos e vazios te concentrares,
na expectativa de quimeras douradas,
que jamais se realizarão.
Dos vários sons que lhe enchiam a cabeça,
neste deserto de verde composto,
o das cigarras, ao anoitecer,
e dos pássaros, ao entardecer,
eram os autênticos protótipos,
do paraíso em que se sentia.
Pelo porto passei,
pela Maia andei,
pelos seus passeios cuidados,
vi jardins, verdes, de uma relva tratada,
por ali andavam comboios, o metro assim se chama.
E no belo aeroporto,
de uma moderna escultura,
me refresquei do ardente calor,
que o sol teimava em me enviar.
Sem querer ou imaginar, vens-me à adormecida memória.
Em sonhos, soltos e espaçados,
adormecido na noite silenciosa,
em absoluto descanso mental,
desperto em outra dimensão,
apesar de tudo estou vivo.
Tento que o presente seja o toque de ordem,
prevaleça sobre o passado,
que de alguma forma já é distante,
mas não o controlo.
E no entanto...
Ali está na noite escura e silenciosa,
mordendo os lábios, olhando-me provocadora,
excitando-me a líbido, destroçando o meu descanso.
Como uma realidade, assim vivo o sonho, me desfaço,
e me convences e torturas, com as tuas mãos quentes,
a língua irrequieta e o corpo insaciável.
Rendido a teus encantos me deixo soçobrar,
e o silêncio da noite se transforma em grito de amor e prazer.
Do sorriso nas faces abertas,
ressaltava o carinho,
de almas descobertas,
que se puseram ao caminho.
De alguma forma o soube,
alguém disso me inteirou,
e com carinho me coube,
o que do seu acto me honrou.
Uma amizade discreta,
dizem-na digital,
pois para mim é concreta,
que outra não vejo como tal.
De longe chegaram,
sem especial intenção,
logo me saudaram,
com grande satisfação.
Com sua presença me honraram,
na poesia que ora lancei,
com carinho me encheram,
o agradecimento que lhes deixei.
A amizade é assim, sem segunda intenção,
sem temor mas com amor,
muitas vezes até sem grande razão,
e sempre um hino de louvor.
A todos agradeço,
e aos que de longe vieram,
com muito mais apreço,
que o que me dedicaram.
E por isso lhes afirmo,
que como sou, fui e serei,
minha amizade lhes confirmo,
pois no coração sempre a trarei.
Era agradável à vista,
as suas curvas despertavam a líbido,
e serenos pensamentos eróticos nos atravessam os neuróneos.
A par da borbulhagem que mostrava,
espumando e vertendo líquido em múltiplos orgasmos,
sempre que era agitada.
Prometia um desfecho extraordinário.
Assim aconteceu,
depois da terceira “caipirinha” já bailava,
rebolando-se excitante, no curvilíneo erótico do seu corpo.
E sobre o tampo daquela mesa,
a garrafa de “Coca-Cola” era uma bailarina exótica,
espumante e transbordante, erótica e excitante.
De mastro erguido,
sem velas nem outras propulsões,
que não as que de meu corpo emergiam,
naveguei e manobrei um barco imaginário,
sulquei mares e ondas,
calmas e mansas,
apreciando o embalo de oceanos em repouso,
alterosas e em fúria,
quando de ti se projectava a tempestade.
Naufraguei, exausto, em teus braços,
refiz-me sobre teus seios,
e voltei a navegar teu oceano.
Vês ali naquele ramo?
O melro saltita,
volta-se e torna a saltitar,
sem medo, sem receio.
Não há aqui predadores,
Nada que o assuste.
Encontrou o seu éden.
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