Não sei se terás tempo para me atender,
porque sei que estás demasiado ocupado,
e é tanto o afã que não te chega o tempo,
para olhares para todo o lado,
e nessas falhas, alguma coisa se descontrola.
Por isso eu nem sei se consigo falar Contigo,
nem sequer imagino se mereço aproximar-me de Ti,
talvez seja um pecador,
tão grande que não permitas a aproximação ou,
pelo contrário, tão infinitamente pequeno,
que nem sequer perdes tempo comigo.
Mas quero tentar, preciso muito de te falar,
de coisas que aqui se passam,
de coisas que nem vais acreditar,
porque não chegas a todo o lado,
tenho de te por ao corrente de que o mundo,
este mundo que criaste com carinho e desvelo,
onde colocaste o homem e a mulher,
para que se amassem e reproduzissem,
e que o amor reinasse entre os homens de boa vontade,
este mundo ideal, está em perigo.
O ser humano já não se ama,
pelo contrário, odeia-se e odeia tudo o que,
mesmo por vaga memória,
lhe faça lembrar o paraíso que na terra criaste,
envolve-se em guerras sangrentas,
elimina-se a si próprio e a outros, sem pensar,
nos estragos que faz ao mundo e aos seus.
E as crianças Senhor, as crianças Senhor,
esses seres inocentes a quem ninguém respeita,
que são o futuro do mundo e a quem,
desde tenra idade, ensinam o ódio,
que com tanta mestria os adultos usam,
as crianças que deviam ser rodeadas de amor,
encharcadas em carinho, a quem deviam ser apontados,
caminhos de futuro risonho e afinal,
só lhes oferecem violência, fome, tristeza.
Precisava de te contar Senhor,
e mesmo que não me recebas ou que,
não possas dispor do teu tempo comigo,
pelo menos dá um pouco de atenção,
para estes lados desavindos e,
se possível, salva pelo menos as crianças,
mostra-lhes outro caminho que não seja,
o do ódio com que são bombardeadas diariamente.