Fechava-se frequentemente,
duvidando das suas capacidades,
não sabia, não tinha a certeza.
Retraia-se sempre que a incerteza se instalava,
mais ainda quando a certeza lhe desaparecia do cérebro.
No seu lugar o vácuo,
um buraco que de tão fundo,
de negro se pintava.
Volta para aqui,
volta para ali,
e o sono sem aparecer.
Preocupações com a vida,
tiram o sono a qualquer um.
A exaustão acaba por vencer,
e as pálpebras fecham-se,
inexoravelmente,
sobre as preocupações da vida.
O que for soará,
fica como último pensamento,
e amanhã, quem sabe,
outro dia brilhará.
Juntaram-se em grupos,
estudaram o tema,
discutiram entre si,
apresentaram-no à turma.
Envergonhados uns,
discretos outros,
mais eufóricos os restantes,
lá foram falando.
Debitaram ideias,
explanaram conclusões,
no fim,
um dia de aula integral,
com alguma aprendizagem,
para além da teoria.
Lá estava, não me esqueci,
hoje foi dia de te ir buscar,
hoje foi dia de me ajoelhar,
sabes?
Não me ajoelho para toda a gente,
raramente o faço,
mas hoje,
hoje até me arrastaria se fosse preciso e se daí,
conseguisse o que sempre espero,
um abraço, apertadinho,
bem junto ao coração como só tu me sabes dar.
Hoje foi o dia do abraço,
pelo menos para mim.
Olhando o céu que,
num repente, se acinzentou,
cansado de tanto azul,
deixou cair umas lágrimas,
que molharam a terra,
e delas brotou vida.
Mesmo sendo salgadas,
ainda que em pequenas quantidades,
nunca deixam de criar.
Criam ambientes, desalentos,
criam atmosferas, humores e tristezas.
Mas quando secam,
deixam no chão a força da sua criação e,
do castanho da terra, emanam os verdes da eternidade.
E agora, sim,
depois de se fecharem,
de chorarem sobre o mundo,
criam de novo.
Alegria, esperança, quem sabe um mundo novo.
Um não bastou,
zangaste-te.
Se o olhar ferisse,
tinha sido de imediato trespassado.
Baixei os olhos, a cabeça acompanhou-os.
Mascarei a face,
com um olhar triste e desolado.
Retornaste a mim o teu olhar,
fitaste-me e mudaste o teu semblante.
Aproximaste-te, acariciaste a minha mão.
De sorrisos vestido aproximámos as cabeças e,
na minha face,
sobre a barba que te picava os lábios,
depositaste um beijo.
Estava perdoado.
Do universo só conheço os planetas e as estrelas.
Procurando dentre todas a que mais brilha,
amiúde me revejo, em noites muito escuras ou enluaradas,
calcorreando os caminhos da procura.
Sempre em vão esta busca.
Já que a mais brilhante,
a que me ofusca com o seu clarão,
de todas as estrelas a mais apetecida,
se encontra aqui bem perto do coração.
Um dia hei-de mostrar-lhe as estrelas do universo.
Quisera eu Senhor,
levar aos céus,
todo o ardor que,
aqui na terra,
me queima as vontades
Como o habitual,
mal sentiu o cheiro a hospital,
estacou, remeteu-se ao recuo,
nada o faria entrar, excepto,
um dono tão teimoso como ele.
Puxar a trela, falar com ele,
nada, não entrava e pronto.
Desesperado com tanta recusa,
sem outro meio de convencimento,
restou a solução de recurso,
vai daí, que se faz tarde,
pega-se no “elefante” ao colo,
arrastando-me até ao interior,
sob o peso que carrego.
Finalmente instalado,
dá-se início à consulta canina.
Se, utilizando a licença poética,
o poeta se expande nas palavras,
sai para o exterior do contexto da folha de papel,
utiliza até,
linguagens que fogem à norma ortográfica,
então o poeta,
como disse “o poeta dos poetas”, Fernando Pessoa,
“ o poeta é um fingidor”.
Finge, funda palavras, recria ambientes, cria a esperança,
e temos o poeta que, no avolumar do seu fingimento,
arrasta consigo a esperança,
de que o mundo se arraste com ela.
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