Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

31
Jan15

Choro do corpo (2014)


canetadapoesia

 

Na distancia segura que os separava,

sentado no muro ensolarado,

apetecia-se naquele corpo,

arredondado e cheio de frenesim,

mirava, remirava e voltava a olhar.

Não despregava os olhos,

daquela cintura fina,

cujo cinto mais estreitava,

e as gotas que da testa lhe deslizavam,

não eram mais que ansiedade,

desejo de aproximação,

choro de um corpo em ebulição.

31
Jan15

E Deus criou a raça (2014)


canetadapoesia

 

E Deus criou a raça humana,

coloriu-a com matizes,

do celeste arco-íris,

concedeu-lhe o dom de pensar e decidir,

subdividiu-os em bons e maus,

contente apreciou a obra.

 

Verificou que entre eles,

não havia diferenças fundamentais,

confiando, pois, na sua superior capacidade,

na excelência da sua obra.

 

Eram humanos, de várias cores,

apesar de todos seguirem a serpente,

e gostarem da maçã que esta lhes ofereceu,

havia um pequeno problema,

não encontravam forma de se entenderem.

31
Jan15

O desconhecido (2010)


canetadapoesia

 

Alinhados para o destino,

tendo a pele como única veste,

clinicamente analisados,

a uns bons metros de distância.

Doenças, se as havia?

Tinham desaparecido por milagre,

à entrada do pavilhão.

Ao sair,

um papel na mão e uma inscrição,

“Apto para todo o serviço”.

31
Jan15

Pairam (2014)


canetadapoesia

 

Sob este céu azul e límpido,

pairam nuvens que se adensam,

anunciaram-se de um branco,

cujos imaculados princípios,

se foram esbatendo,

em bátegas da imensidão oceânica.

Escurecendo no dia a dia,

da impostura manchada da perfídia ignóbil,

das traições diáfanas em salões de mármore dançante.

“Anegram-se” na constância do “inrespeito” da vida humana,

que da dignidade vai perdendo a noção que já nem a atormenta.

Já se ouvem os estalinhos,

que de tão longe serem,

parecem um bater de palmas,

mas nem o rufar dos tambores,

desperta a amnésia dos tempos,

em que da lembrança fica a negritude,

dos dias e das noites sem outra cor que o avermelhado,

dos clarões ruidosos da intolerância.

31
Jan15

Olhar furibundo (2012)


canetadapoesia

 

Olhas-me com a aspereza,

que só o teu olhar furibundo,

consegue em mim depositar temor.

E porquê? Porquê, pergunto-te.

E a resposta célere como um cometa,

arremetendo em minha direcção,

atinge-me e acocora-me de tristeza.

Não gosto de piropos!

E porque não se nem sequer te disse nada ofensivo?

Limitei-me a ser eu,

aquele que tem dentro de si a beleza e a poesia e que,

por vezes não consegue contê-la.

Transbordo do meu silencioso interior,

e desdobro-me em prazeres de olhares sorridentes,

no fundo, das minhas palavras nem se intui um piropo,

foi tão somente uma constatação.

E o que afirmei e constato de novo,

é que a beleza assenta em ti como a primavera nas andorinhas,

és bonita, limitei-me a confirmá-lo.

31
Jan15

Nascer (2012)


canetadapoesia

 

E afinal para que nasci,

se não foi para ser feliz,

que ando aqui a fazer?

Que mais tenho de orquestrar,

se a música que me tocam,

aos ouvidos sensíveis,

já não soa como outrora!

Mas que ando aqui a fazer?

Se ao menos a felicidade,

compensasse o sofrimento,

destes dias tão cinzentos,

seria feliz, sim,

mas feliz serei até ao fim,

se o nascer significar ser feliz.

30
Jan15

Tantos se’s (2010)


canetadapoesia

 

Se vejo o mundo à minha maneira,

se o vejo com olhos interiores,

se o aprecio de forma diversa,

se não o vejo como outros o vêm,

se o faço por ter essa força interior que me impele a tal,

se sei que muitos outros o fazem melhor que eu,

se agrado a quem me lê ou

se não agrado a ninguém.

Se isso me importasse, há muito tinha desistido.

Se não se importam, continuo,

se se importam, basta não ler.

30
Jan15

A água (2010)


canetadapoesia

 

Cai e continua a cair,

impiedosamente molhando,

incautos e distraídos,

a chuva,

essa água abençoada,

que enche barragens,

que irriga campos,

que nos tira a sede,

que cria vida.

A água que também afoga,

alaga e destrói tudo à sua passagem.

30
Jan15

O meu povo (2010)


canetadapoesia

 

Este é o meu rebanho,

esta é a minha gente,

que se agiganta e cresce,

que luta e se defende,

e que no fundo é pacífica.

Este é o meu povo.

30
Jan15

Futuros (2010)


canetadapoesia

 

O que vivemos e conhecemos!

O que viveremos é a incógnita.

E no entanto,

acreditamos em promissores futuros.

Pág. 1/10

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Links

Caneta da Escrita

Arquivo

  1. 2022
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2021
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2020
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2019
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2018
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2017
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2016
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2015
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2014
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2013
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub