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Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

28
Fev15

Pelo vento (2010)


canetadapoesia

 

Vagueei entre o mar e a terra,

andei pelo vento que me levou entre gaivotas,

sobrevoei marés e montanhas,

corri pelo mundo e procurava,

o único cantinho que me daria satisfação,

ali serei eu próprio,

e do meu nada retirarei as forças,

que me darão a felicidade.

28
Fev15

Nesse teu ar de menina (2010)


canetadapoesia

 

Nesse teu ar de menina,

ressaltavam sintomas da mulher que já eras.

De um corpo perfeito,

curvilíneo e farto,

pelo menos,

tanto quanto o desejo o deseja,

sobressaíam os enigmáticos olhos azuis.

Azul transparente da cor do mar,

em paradisíacas paragens.

E no teu peito,

cresciam as dunas de uma praia distante,

ainda por explorar.

27
Fev15

No Rossio (2010)


canetadapoesia

 

Passei por ti no Rossio,

mesmo ao canto da praça,

onde se juntam todos,

os que aqui chegam,

os que aqui estão já.

A tua pele escura indica uma origem,

África com certeza,

também a minha o indicava,

quarenta anos atrás.

Agora,

juntos na perspectiva da vida,

somos simplesmente náufragos,

de uma balsa salva-vidas.

E juntos continuamos,

porque esta é também a tua terra,

como foi a minha.

Mas só de acolhimento,

que a outra, a verdadeira,

a que nos faz sentir saudade,

essa está muito longe.

26
Fev15

Houve um tempo de pecado (2011)


canetadapoesia

 

Houve um tempo em que não tivemos noites,

não podíamos,

éramos pecadores e nem nos confessávamos,

porque o segredo, o nosso segredo,

consistia no anonimato.

Mas houve tardes,

e tantas que se tornaram poucas,

para extrair todo o pecado que em nós morava.

E pecámos.

Sucessiva e consequentemente,

em tardes inteiras que acabavam ao anoitecer,

em dias que fazia chuva e frio,

em dias que o sol abundava,

mas no recanto do nosso pecado o frio era uma constante,

e só assim se compreende que nos abraçássemos,

tão arrebatadoramente nos agarrássemos,

e que assim consumássemos nosso pecado.

26
Fev15

Aparências (2011)


canetadapoesia

 

Durante muitos anos ouvi,

que o vestir tinha de ser adequado,

que não me podia apresentar de qualquer maneira,

tinha de ter boa aparência,

tinha de ter boa presença.

E pergunto,

adequado a quê? Agradável a quem? Que aparência era esta?

Não sei ao certo, mas acredito que a busca,

se centrava na hipocrisia bem cheirosa,

e eu que era o homem

que vestia calções, que usava T-shirt,

nos pés, um par de sandálias,

e era feliz.

Não seriam as aparências a fazer de mim um ser melhor,

porque sou o homem que liga a simplicidade à vida,

que busca a verdade e amizade

para além dos perfumes que ela traz.

26
Fev15

Na rua me encontro (2011)


canetadapoesia

 

Um olhar sobre a rua,

é um olhar sobre o mundo,

aqui se distinguem as diferenças,

ali se descobrem as divergências.

Em ambos encontramos a diversidade,

que nos une,

que nos separa,

que nos mantém

por laços intrincados,

por necessidades comuns,

pelo género humano.

25
Fev15

Ser louco (2012)


canetadapoesia

 

Na minha loucura sinto-me isolado,

porque sou louco e todos se afastam,

não, não são mais saudáveis que eu,

mas na sua loucura, pensam que sim,

e da minha acham loucura.

Isolado e louco, sim,

mas tão são que mesmo a mim me assusta,

e não é que nesta loucura me dá para pensar,

que coisa mais louca, pensar!

Ser louco e pensar,

porque os outros pensam que loucura não pensa,

mas pensa, loucura pensa e vê com olhos de ver,

vê o que os olhos sãos não vêem ou não querem ver.

Loucura é isso mesmo,

ser sadio onde os outros, vêem loucura,

pensar onde os outros desistem,

ser lúcido onde se pensa que existe loucura.

25
Fev15

Havia árvores (2011)


canetadapoesia

 

Fiquei de pé,

acordado, olhos abertos,

talvez semi-cerrados,

mas atentos ao espaço à volta.

E o que vi não era diferente do que já tinha visto,

mas o que ouvi, sim.

Era um coro de chilreados diversos,

esvoaçares contínuos,

uma nuvem de aves sonorizadas,

que entoavam o hino à primavera,

mesmo em frente à janela.

E era o fim do dia,

e havia campo,

e havia árvores,

e os pássaros dançavam a essa felicidade.

24
Fev15

A concha (2011)


canetadapoesia

 

Não é por ficares bem de biquíni,

ou até sem ele,

antes do corpo haverá certamente,

atributos que suspirem na alma.

Pequenos nadas do quotidiano,

pérolas minúsculas,

que no seu todo preenchem,

a concha do meu amor.

24
Fev15

A sombra (2011)


canetadapoesia

 

Caminhando ao sol já não sei,

se a sombra que me acompanha,

é verdadeiramente minha.

Acompanha os meus movimentos,

reproduz tudo o que faço,

mas não vejo um sorriso,

não encontro uma alegria.

Vejo uma sombra que reproduz,

solidão e desalento.

Vejo uma sombra esbater-se sob o sol.

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