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Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

31
Mai15

Silêncio da alma (2010)


canetadapoesia



Nos salões o silêncio,

a calma que sobrevive,

às tempestades do exterior.

No ar um som curto,

abafado e rouco,

pelos sentidos escutado,

de jazz instrumental.

Na alma solta pela nostalgia,

do dia chuvoso e cinzento,

o momento do prazer,

da escuta do inescutável,

aquilo que só os apurados sentidos,

buscadores das coisas,

que os silêncios possibilitam,

a palavra solta-se em escrita,

e preenche o silêncio da alma atenta.

29
Mai15

Picando do alto (2010)


canetadapoesia



De longe reparo no teu voo,

em círculos vais voando, voando,

e de cada volta do voo,

mais te aproximas do objectivo.



Subitamente, numa última volta,

ganhas altura e sem perder o alvo,

mergulhas a velocidade alta,

num bater de barbatana, a presa a salvo.

28
Mai15

E que silêncio (2010)


canetadapoesia



Vejo-me embrenhado nesta multidão,

ululante, contestatária, berradora,

e no entanto não os ouço,

estou fechado para o ruído que me envolve,

em profunda solidão em meio à multidão.



Procuro povoar a minha a solidão,

cercando-me desta imensidão de gente,

e no silêncio que me imponho,

isolo-me no meio desta multidão.

26
Mai15

Vizinhos (2015-05-26)


canetadapoesia



Este é outro dos dias,

daqueles que cantam em grandiosas

manifestações de um regozijo,

temporário, passageiro e, quiçá, volátil o suficiente,

para logo, no dia seguinte, se esquecerem.

Vizinhos somos todos,

mais ou menos vizinhos,

uns de mais perto, outros mais longínquos,

mas todos vizinhos de alguma forma.

Porque não vizinhos de País?

Se entre ambos só existe a imaginária linha,

traçada por batalhas ancestrais pela posse da terra,

ou mesmo, pelos legisladores actuais que,

num simples mapa, traçam o futuro de vizinhos,

por uma lógica de possessão e domínio,

traíndo tantas boas vizinhanças, que se reproduzem,

tantas vezes, em profundos laços familiares.

Vizinhos e familiares traçados pela vida,

pela coexistência da proximidade,

não pelo traço imaginário em qualquer mapa do mundo,

mas pelo traço sagrado do mapa da vida.

26
Mai15

Bater de asas (2015-02-17)


canetadapoesia



Como num bater de asas,

evaporei-me no ar,

deixei para trás tudo o que,

com o passar do tempo,

me vinha azedando a psique.

Num vislumbre e último olhar,

virei a cabeça já mais leve,

passeando-a pelo espaço,

alguns rostos admirados,

com a destreza da saída,

outros, aliviados de sorriso maldoso.

Em mim a saudade que já não o era,

pela liberdade adquirida e,

no sonho não sonhado de que,

ali, não havia amigos,

só passageiros do mesmo comboio,

que um dia seguiriam as minhas pisadas.

25
Mai15

Procurei em vão (2015-05-25)


canetadapoesia



No mundo onde vivi, procurei um espaço,

onde o meu corpo encaixasse, onde me sentisse parte,

onde me envolvesse com alma e, pensando bem,

acho que nunca o consegui encontrar.



Este não é o meu mundo, tão perfeito como o imaginei,

dessa solidão tão minha, do silêncio que em meus lábios,

balbuciando diziam, vai, vai, segue o teu caminho,

mas não era este, demasiado ruidoso, demasiado maldoso,

o meu caminho não era este, era feito de silêncios,

estava cheio de observações, e o que via não me agradava.



Não era esse o meu caminho e por isso vagueei pelas ruas da vida,

tropecei e fui empurrado, espezinhado tantas vezes,

mas convicto continuo a pensar que esse não era o meu caminho,

e no silêncio de minha alma, caminho contra o vento.

24
Mai15

Já nem sei (2013)


canetadapoesia



Já nem sei,

se é a isto que chamam democracia,

o governo do povo,

ou pelo menos eleito pelo povo,

pergunto-me então,

porque não governam a seu favor?

Por que o fazem sempre contra ele?

Que esperam que este povo faça?

Já nem sei,

mas sei e quase aposto,

a taça já está mais de meio cheia,

pode entornar a qualquer momento.

21
Mai15

Soltam-se os poemas (2014-11-27)


canetadapoesia

 

 

Sente-se por trás da vidraça,

esse silêncio que da rua não é perturbado,

cria-se a atmosfera suficiente,

a que é necessária para das letras fazer escrita,

no aglomerar destes pensamentos silenciosos,

soltam-se os poemas,

espalham-se pelo ar que me rodeia,

enchem-me a alma,

da essência que me traz vida,

e o espasmo aleatório com que me envolvem,

na criação das ideias passadas ao papel,

espantam-me,

porque me deixo ir,

porque me deixo envolver,

porque a escrita me está intrínseca,

e a poesia é o ar que respiro.

20
Mai15

Era gaivota (2015-03-03)


canetadapoesia



Voava e volteava pelos ares,

porque era gaivota e

do mar, próxima estava.

Subia e descia, voava solta,

e em elegantes passos de dança,

refazia-se em rodopios.

Parou por momentos no ar,

suspensa de uma ausência

de flutuação inexistente,

desafiou o olhar e perdeu-o

na faixa da visão aguçada,

encontrou o lugar,

num curto bater de asas,

voou livremente até ao cimo do candeeiro

de onde conseguia distinguir os contornos da costa,

e confabulando consigo mesma,

silenciosa no seu grasnar,

estou em casa, o mar está perto.

20
Mai15

Perguntar ao silêncio (2010)


canetadapoesia



Rodeado de silêncio,

olhava as estrelas e via o universo,

lá tão longe e mesmo assim se questionava,

sobre a origem da vida,

sobre o propósito de viver,

e amiúde, estas questões o preocupavam,

queria respostas, queria saber,

era então que se debruçava sobre si mesmo,

fazendo as perguntas que procuravam resposta,

para dentro de si, bem no seu interior,

perguntava então ao silêncio que o envolvia,

e das respostas que obtinha,

só havia um caminho a percorrer,

continuar a observar as estrelas,

perscrutar o universo,

continuar a procurar.

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