Uns atrás dos outros,
seguem os caminhos,
que diariamente percorrem,
em vagas, umas atrás das outras.
Descem escadas, esbaforidos,
na esperança de uns segundos fazerem a diferença,
e correm cais fora,
na procura da enchente,
que os há de empurrar,
para o primeiro comboio,
que já não suporta mais espaço.
E no segundo, ou no terceiro,
talvez se respire,
talvez haja espaço,
talvez se consiga,
talvez…
Ajuntavam-se, assim se poderia dizer,
daquele movimento quase pendular,
que levava a que se dirigissem,
àquela praça repleta de história Romana,
eram colunas, capitólios, frontispícios,
eu sei lá, ali viveram romanos e até esfinges havia,
para contar suas aventuras.
Diocleciano, assim se chamava,
o único imperador romano que por artes da sua inteligência,
e algumas magias do destino,
conseguiu chegar à velhice,
retirando-se da cena política, faleceu de morte natural.
O único imperador romano, que o bicho homem não conseguiu liquidar.
A história tem destas coisas, interessantes quanto bastam,
para sabermos de onde viemos e conhecermos o caminho trilhado,
para assim podermos pensar um futuro.
Afinal a procissão que tanta gente levava à praça,
não era mais que o chamariz da música,
que uns cantores debitavam, na sonoridade do lusco-fusco,
com toda a gente à volta da praça,
sentados, em pé ou deitados, escutando êxitos dos anos “60”,
cobertos pelo luar da noite cálida.
Diocleciano estaria, certamente, sentado numa das nuvens brancas,
que repousavam naquele céu, sobre nós,
e estou certo, sorridente e satisfeito.
Silenciosa, sem alarde,
a reacção aparece como resposta,
a tudo que afecta negativamente,
as gentes e as coisas,
naturalmente, aparece,
mesmo que demore,
mesmo que não se perceba,
e assim, inesperada,
estupidifica a gente incrédula,
no olhar com que a assiste.
Silenciosa, mas irreprimível,
acaba sempre por aparecer,
e quando menos se espera.
Canso-me quando me ponho a pensar,
se me determino a fazê-lo,
questiono-me depois, para quê?
Acaso vale a pena insistir,
nestas coisas da reflexão?
Pensar para que nada do que cogito,
possa ser posto em prática ou sequer aproveitado,
perder tempo em deambulações,
de uma cabeça que não pára,
e pensa, e reflecte, e volta a pensar.
Na prática, estamos habituados já,
há longo tempo, em que pensem por nós,
por esse defeito de preguiça,
somos castigados e sabemos como,
somos governados por minorias que,
cada vez mais são as menores minorias,
que nada representam ou quase nada, nada significam,
a não ser, serem uma minoria entre a maioria,
e impõem a sua vontade à maioria.
Apressada, seguias pelo corredor,
de uma ponta a outra,
de um a outro ponto,
onde atarefada preparavas,
a ligeira refeição com que,
o teu belo sorriso nos afagaria o coração,
e com um esforço suplementar,
aconchegavas-nos o estômago.
E corrias na ânsia dos ponteiros que um imaginário relógio,
te ritmava os gestos e movimentos,
sorrindo, sorrindo entre nós,
que te recebíamos com o carinho,
que uma alma generosa, aberta e sorridente,
proporcionava a quem dela recebia,
um sorriso nos céus,
pelo corredor da nossa universalidade.
No teu mar me reflecti e,
no fundo da tua água cristalina,
olhando-me nos olhos que devolvias,
descobri a massa de que sou feito,
nada de especial, nada de diferente,
de outros seres que também vivem,
debaixo deste céu que nos contempla,
somente carne e músculos,
com uns ossos à mistura.
Sensações diversas me percorrem o corpo,
desde o olfacto à visão,
em todas reconheço algo especial,
mas na única em mais me revejo,
não encontro rival e,
é nela que me reflicto,
no teu mar, do teu mar,
sempre presente na minha alma.
Sinto-o em mim,
afaga-me o rosto,
envolve-me o corpo,
num frémito me percorre,
e chamo ao vento.
Sem outra resposta que um silvo
sibilante na sua passagem por mim.
Já não espero que me respondas,
nem sei se o queres ou podes fazer,
mas eu contínuo esperançoso,
e chamo ao vento, já mais baixinho,
para que não se perca
nesta voragem que é a tua correria.
Ínsito e repito sem resultado,
Não me ouves, não me sentes,
E chamo ao vento, continuamente,
sem que ele me traga novas,
sem que ele te traga para mim.
De entre o ensurdecedor silêncio,
sobressaíu o estrondo,
tão rápido como a luz,
espalhou-se pela amplitude
que a enorme cozinha permitia.
Não era tempo de guerra,
pelo menos zona afectada,
que ela, a guerra, andava por todo o lado,
mas aqui, ainda residia o oásis.
Aos seus experientes ouvidos,
soou-lhe como rebentamento ofensivo,
os músculos retesaram-se,
encolheu-se um pouco,
rolou os olhos pelo local,
nada a assinalar,
nem bomba nem IN.
Sossegou o coração em sobressalto,
relaxou os músculos e reergueu-se,
não era nada do que conhecia,
estava em segurança.
Tudo não passou do encontro,
de uma chávena de café com o chão.
Impiedoso, assim se apresentava,
este sol que nos aquece e de quem
nos enamoramos quando falta e,
nos dias cinzentos nos cala a alma.
Mas assim, a pique, torra-nos o corpo
na breve urgência da procura
de uma sombra retemperadora,
amena e descarada na sua frescura,
abrigamo-nos dos seus calores,
evitamos os seus incandescentes raios,
retemperamos o corpo com a procura satisfeita.
Nesta tarde, quente, me sossego,
sentado, esperando que alguém,
um leitor ou candidato a tal,
se resolva aproximar, apreciar,
porque não, também, escolher entre tantos,
o livro que tenho à frente e quero apresentar,
~que escrevi e na alma desenhei,
um romance, nesta Lisboa ocorrido,
de amor, de paixão e da tristeza que,
destas ruas pejadas de gente,
não se veja o fim da miséria humana
de quem tem por tecto o céu
e que nas noites frias de inverno,
se cobre e resguarda com o fascínio da lua.
Se é ou não justa a causa,
importante ou menos importante,
que interessa isso? É uma causa!
Como todas as causas,
merecem o respeito que a todas devemos,
merecem a gratidão de quem as abraça,
merecem a defesa que todas merecem,
porque quem abraça uma causa,
aconchega-se a um objectivo,
procurando alcançar um fim,
atingir um, nem que seja,
inimaginável alvo.
Abraçar uma causa,
criar uma afeição,
sentir uma problemática,
gratificar um coração.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.