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Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

18
Ago15

Quando a cidade se apaga (2015-08-10)


canetadapoesia

 

Sem que se esperasse,

ao correr do passeio nocturno,

o mais profundo breu se apoderou da cidade,

escuro como as coisas mais negras.

Paralisado pela falta de luz,

domina o animal e aguarda uns segundos,

até que a vista se acostumasse,

dá mais uns passos e olha para o alto,

bem acima da cabeça que se sustenta no topo do corpo,

o que vê deixa-o boquiaberto de prazeres inconfessáveis,

o escuro do momento que lhe desnuda o céu,

pejado de estrelas, planetas e outras luminosidades celestes.

Quando a cidade se apaga, acende-se um céu de estrelas,

sobre todos os seres desta terra e ela, a cidade,

apagada e escura como breu e quase intransponível sem luz,

transforma-se no mais belo espectáculo da terra.

17
Ago15

Ligeira (2014)


canetadapoesia

 

Era a refeição,
e de pouco se compunha,
mas o sorriso que a acompanhava,
trazia consigo o consolo,
de repastos e manjares reais,
que o seu coração quente,
das terras do sol e pele alaranjada,
servia com a alma incandescente,
transbordava de simpatia e,
dos seus olhos risonhos,
saíam as estrelas que a acompanhavam.

16
Ago15

Do monte da Lua (2015-02-13)


canetadapoesia

 

Com a sobranceria de me sentir acima de ti,
acerquei-me do amuralhado
que me evitava a queda no vazio,
monte abaixo, sem barreiras,
senão os naturais rochedos implantados,
por uma natureza intocada.
Olhei-te e o que vi, até onde me permitia a vista,
arregalou-me as já dilatadas pupilas.
Redonda estavas, larga e amarela da cor de um sol que,
mesmo adormecendo, não deixava de te iluminar.
Prenhe do sonho dos mortais, que de longe te admiravam.
Do Monte da Lua.
Dali via a lua cheia e amarela e laranja,
onde neste início de noite,
destacava todo o seu brilhantismo.
Oh! Lua esplendorosa.

14
Ago15

Sempre que repica (2014)


canetadapoesia

 

Seja a que horas for,
com gente à volta ou,
mesmo em horas mortas,
quando a rua é o deserto das almas,
quando repica, quando se ouve,
cria uma sensação de paz e harmonia,
ainda que o mundo esteja em guerra.
Toca e repica, marcando o tempo,
e nas horas que marca,
a passagem da vida se conta,
em repicadelas dos sinos das igrejas.
No campo, nas serras ou aldeias isoladas,
o seu repicar trás a noção de comunidade,
daqueles em que o sino da igreja,
é o maior símbolo da tecnologia,
que da comunicação faz a união.
Replica o sino e sente-se o seu badalar,
na alma e no coração.

14
Ago15

Como prata pura (2014)


canetadapoesia

 

Fiapos dispersos,
sobre a superfície líquida,
de prata pensava eu,
brilhantes,
de um sol que se derramava,
sobre o azul daquele mar,
que em ligeiras ondulações,
espalhava à sua superfície,
raios brilhantes do astro rei.
Nas águas cálidas e serenas,
me baptizei em mergulhos reconfortantes,
e senti em meu corpo o envolvimento,
do refresco que contigo trazias.
Saboreei o quanto pude,
até à exaustão do corpo submerso,
recolhi-me a seco,
com a alma encharcada.

13
Ago15

Em sonhos (2015-07-21)


canetadapoesia

 

Ainda te vejo,
em sonhos,
despidos do pudor
que a luxúria desperta.
Ainda te sinto,
no frio que o calor,
do corpo quente que me enlaça,
corta cerce,
e me queima e abrasa.
Ainda me sinto vivo.

13
Ago15

Espumante (2015-06-29)


canetadapoesia

 

Desfaziam-se em coro, sucessivos,
vindas sabe-se lá de onde, suaves,
num vaivém entorpecido desmaiavam,
e na praia ficava a orla
da espuma do seu prazer.
Cristas brancas ao longe,
leves ondulações trazidas até à praia,
linhas seguidas de espuma alva
na areia se desfaziam e o sol,
que as adornava desde a nascença,
recebia-as na areia dourada.
Um dia perfeito, um dia de praia.
Já se ouviam as máquinas que rolavam,
na recolha das redes sobre as dunas,
com sorte, talvez trouxessem os frutos do mar,
o peixe fresco, vivo e a saltar,
só as gaivotas sabiam, só elas adivinhavam,
que ali vinha alimento bom,
e apareceram em voos rasantes,
em círculos voando, para cima e para baixo,
à espera das sobras que dali viessem.
Na praia, o costume dos curiosos,
que se acercam e procuram ansiosos,
ver ao vivo o que já só encontram
nas prateleiras dos supermercados.
A praia em todo o seu esplendor,
o verão a começar e a chamar
para um dia quente de mar ameno.

12
Ago15

Anos sessenta (2015-07-23)


canetadapoesia

 

Entrámos sem escolha possível,
o que contava era a década anterior,
essa mesmo, a do nascimento,
numa década que marcou vidas.
Para o bem e para o mal,
foi a década de cinquenta,
inebriante e esplendorosa no seu todo,
que nos cedeu a loucura na seguinte
e a prolongou mais um pouco.
Pela alegria e a tristeza passámos,
juntos chorámos e rimos,
vimos vidas partir nas piores circunstâncias,
e demos vidas à vida com a esperança
que o futuro nos iluminasse.
Toda uma vida numa década,
e agora o que sinto é,
toda uma década numa vida.
Por onde ande, há e haverá sempre uma comemoração
a essa prodigiosa, maravilhosa e encantadora década de sessenta,
que nos sorriu a morte e nos chorou a alegria.
A nossa década, a década do século.

11
Ago15

Borboleta (2015-07-15)


canetadapoesia

 

Corre, corre borboleta,
que o teu tempo é veloz,
passa mais depressa que o bater das tuas coloridas asas.
Corre, saltita de papoila em papoila,
suga o néctar que te alimenta,
e na breve vida em que batem as tuas asas,
corre, corre a fazer o casulo,
corre a guardar os ovos da tua descendência.
Abre essas asas e mostra-te,
na multiplicidade das cores que
compõem tuas asas e embelezam o mundo,
mostra como num segundo,
se vive uma vida de correrias absurdas,
cansada da busca de uma felicidade,
perene, fugidia tão rápida quanto a luz,
mas tão bela quanto o mundo,
e tão merecedora de ser vivida,
nas cores do teu bater de asas sincopado.

10
Ago15

Desdita (2015-07-18)


canetadapoesia

 

Fotografia daqui, outra mais ali,
captando, guardando,
tudo o que os olhos vêem.
O coração em ânsias e sobressaltos,
vasculha a alma e insiste em captar,
aquilo que ela já não vê nem encontra,
o universo em que se espalhou.
No seu mundo interior,
ainda procura com a avidez
que o tempo retira à vida,
os sons, os cheiros e as formas,
que a natureza que nos moldou,
nos inculcou nos genes do humano que somos,
e do campo viemos em peregrinação,
forçada pela desdita da procura,
de novos cheiros, novas formas,
e uma infinidade de sons,
que nos consomem a alma,
sedenta deste silêncio do campo.

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