Há-o de várias formas e sabores,
Com recheios dos mais díspares,
Branco ou negro,
Doce ou amargo,
Mas chocolate.
Como eu gosto de chocolate,
Branco ou negro,
Doce ou amargo,
Com qualquer sabor,
Com os feitios mais diversos,
E todos os recheios possíveis,
Mesmo misturado no leite,
Mas chocolate.
A satisfação está no belo,
Seja a arte,
A natureza,
Ou uma cara bonita.
Impõe-se um olhar de apreciação,
Um olhar de admiração,
Elevar a arte e a beleza ao estrelato do universo.
Senti-la dentro de nós como atributo da alma.
À noite não faz fresco,
o sol incandescente,
encarrega-se de acumular as pilhas do dia,
mantendo o calor insuportável,
por todas as horas que o compõem.
À noite não se descansa,
e bem falta faz,
mas o calor não deixa.
E do descanso no remanso da noite,
se acorda para o pesadelo de mais um dia de horrendo calor.
À noite pensamos,
revimos o dia, os anteriores,
os anos passados,
de uma vida por arrefecer.
Corria uma brisa,
fresca e suave,
sob as frondosas ramadas,
de centenárias árvores adormecidas,
na modorra de um dia de calor.
Por ali, nos bancos dispersos,
se deliciavam transeuntes,
encalorados alguns,
outros, simplesmente deliciados.
Caminhas do lado solarengo do passeio,
No olhar um brilho de prazer,
Na face um sorriso de satisfação.
Pode ser pesada a vida,
Mas uma nesga de sol logo a faz brilhar.
Vive dentro de mim,
rodeia-me exteriormente,
não desarma nem descansa,
atormenta-me e exaspera-me,
este é o caos que me tolhe a racionalidade.
O caos que me lança no espaço,
no buraco profundo da escuridão,
e de onde emerjo na palavra,
na escrita do que se solta do torvelinho.
Se a arte fosse suficiente,
se com ela mordiscasse,
a fome de que o corpo reclama,
então nada mais faria, só a arte que abraço.
A ela me dedicaria por inteiro,
mas não colhe,
não mata a fome nem paga outros vícios.
Então, parte da esperança,
um grande pedaço de sonhos,
é desviado para actividades mais prosaicas.
Perdemos nós que a abandonamos,
vendo murchar os sonhos,
perde a arte a que não nos dedicamos por inteiro.
Quisera eu sobreviver dela.
Debruçado sobre o mar,
olhava ao longe o infinito,
e na mansidão do oceano,
revia-me em ondas revoltas,
que a vida é mesmo assim,
mansa por vezes,
revolta em outras ocasiões,
mas sempre apaixonante.
E olho-vos com estes olhos,
que não se cansam de ver a magia da vida,
e tanto que vos queria dizer,
mas esta voz que se embarga,
não deixa que som algum se escape
de uma garganta que de tanto se calar,
de tanto engolir em seco com a vida vivida,
se esgotou na sua capacidade de humedecer,
as cordas vocais que deveriam gritar
a plenos pulmões, para o mundo ouvir,
as verdades que se escondem sob piedosas mentiras.
E tanto que vos queria dizer,
aconselhar o mundo, mostrar a vida,
mas não sou capaz, nada consigo,
já não sei se é da secura em que me encontro,
se da emoção de vos olhar e sempre que acontece,
vejo um mundo diferente daquele de que vos queria falar,
olhando em frente, o eterno cavalgar da vida,
tanto que vos queria contar mas,
prefiro a esperança no vosso mundo.
Perco-me em infinidades
de emoções e comoções
que me perpassam o coração,
demoro-me nos pormenores,
aprecio os semblantes,
alegro-me com as correrias e aventuras,
sonho-lhes um futuro risonho.
Limpo com as costas da mão
a lágrima selvagem
que se atreve a cair-me,
destes olhos cansados de tanta vida,
submeto-me à vida destas novas vidas.
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