É a escuridão que nos envolve,
é o manto de silêncio que nos cobre,
e do alto deste breu em que só o pirilampo faz luz,
de tempos a tempos,
e se desvanece ante nossos olhos,
brilhas como nunca te vi antes.
Sobre mim, o brilho estonteante de Vega,
a 90º tenho Virgem, a minha constelação,
regente do signo que me define.
Entre ambos, aparece Escorpião,
com a sua característica figura,
um pouquinho mais abaixo, Antares,
a estrela que brilha impávida e clara,
como se da noite fizesse um dia,
e em sol, se transformasse.
Levanto a cabeça, çogo atrás,
a enorme Ursa Maior, Marte, Neptuno,
a seguir a Ursa Menor e a noite,
mágica e silenciosa, se transforma,
em iluminações que só o campo permite,
e no cimo da montanha,
desta Galícia que de Portugal nada lhe falta,
depois de ver o sol deitar-se,
em clarões de vermelho alaranjado,
perco-me na Cassiopeia,
quase oposta a um Capricórnio,
que ainda não existe em iluminação.
Noites de silêncio e luminosidade,
que do mundo retiramos encantados,
do cimo desta montanha galega.
Não sei mas sinto falta,
sinto a tua falta,
e quando não estás,
cresce um vazio em mim,
e quando estás enches o espaço,
e eu queria silêncio,
mas fazes-me sentir vivo,
e isso eu não posso pagar,
porque sinto a tua falta,
quando não estás por perto.
Olho para ti e vejo
a vasta e imensa desilusão
que a sociedade,
que te deve protecção, amparo e cidadania,
reflecte nesses olhos de água marejados,
vazios e distantes,
num rosto que devia ser de juventude e esperança.
Choro interiormente, em silêncio,
porque as lágrimas do meu sal,
se soltam directamente do coração.
Na sala escura onde o silêncio imperava,
soltavam-se os acordes,
vibrava o corpo, alegrava-se a alma.
Em cada nova nota uma trepidação acrescida,
sem força, sem peso, leve.
Só plumas connosco deleitadas,
se igualariam a esta sensação,
de uma leveza que nos eleva,
amachucando-nos em simultâneo.
Vibram os tendões a cada nota emitida,
e no conjunto da sinfonia,
vibra-nos o corpo e a alma,
sentimos a música,
como bálsamo da vida.
Por cada dia a mais que ainda me reste,
pelos minutos mais pequenos que possa ter,
nunca poderei ter maior satisfação,
maior sensação de amor e carinho,
que aqueles momentos em que,
juntos perdemos a razão,
juntos encontramos o momento,
juntos sentimos a satisfação
a emoção e a comoção do momento,
com ou sem disparates
que nisso o avô também alinha.
E são caretas, brincadeiras e aventuras,
inocentes já se vê,
mas os olhares, os abraços e os beijos,
são o cumular de toda a emoção,
e nisso sente-se o bater do coração.
Por cada dia de vida que ainda tenha,
estes serão sem dúvida os meus momentos.
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