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Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

31
Jul16

Folha em branco (2016-07-28)


canetadapoesia

 

 

Parecia só uma folha de papel em branco,

 como tantas outras folhas,

mas olhando de mais perto via-se nela algo invulgar

e nos veios que a compunham, corria a seiva da enormidade.

Tinha tanto para nos dizer, continha em si tanta coisa,

inúmeras estórias de encantar, inúmeros contos de embalar,

naquelas mais sérias, tanta notícia para nos trazer

ao mundo real em que vivemos.

Parecia só uma folha de papel em branco!

No seu ventre germinavam estórias de vidas passadas e presentes,

estórias de futuros que só uma folha de papel contém.

Tinha de tudo o que possamos imaginar, sonhos e realidades

que a alma contempla e assimila guardando-os com respeito.

Parecia só uma folha de papel em branco,

mas havia de ser preenchida, riscada, escrita ou desenhada,

e no seu corpo branco coberto de significados,

repousa afinal o mundo. E afinal,

parecia só uma folha de papel em branco.

30
Jul16

O mundo do umbigo (2016-07-29)


canetadapoesia

 

 

É neste mundo complexo,

cheio de contrariedades,

que repousam indignados

os guerreiros do umbigo!

Aqueles que só levantam a cabeça,

do dito cujo aqui apresentado,

quando se acham senhores

de toda a verdade do universo.

E são justiceiros, juízes e carrascos,

quando não vêm para além do seu umbigo,

donos de todas as certezas,

inflexíveis à inteligência

de quem pode ter outras certezas.

Guardiães dos bons costumes,

quando não colidam com o seu umbigo,

ferozes e acicatados pela ira,

se uma outra justificação aparece,

porque para além do seu umbigo,

já não há mundo e nada existe.

Quantos umbigos mal arranjados

encontramos por esta vida fora

e todos eles têm uma certeza,

nada mais existe que o seu belo umbigo.

No entanto o mundo é vasto

há umbigos para todos os gostos,

como tal, todos são válidos,

todos têm a sua certeza,

ainda que diferente dos que lhe estão ao lado.

Há, pois, que levantar a cabeça,

olhar para os umbigos dos outros

e aceitá-los como tão válidos

como queremos que o nosso seja.

29
Jul16

O verde (2013)


canetadapoesia

 

 

Não olho o verde pelo simples facto de ser verde,

não olho o verde por ser atraente na natureza,

Olho-o por uma questão de sobrevivência.

27
Jul16

Tempos (2013)


canetadapoesia

 

 

Olho para o meu tempo,

que de passado faço presente,

olho para esse tempo,

que já pouco futuro fará.

27
Jul16

No bolso (2016-07-19)


canetadapoesia

 

 

Assim o meu bolso fosse largo o suficiente

e tão fundo quanto possível para que,

nas suas profundezas guardasse o que me aprouvesse.

Guardaria a lua cheia da sua luz brilhante,

guardaria um punhado de estrelas

e entre elas escolheria as mais brilhantes,

talvez mesmo algumas constelações,

daquelas que, ao juntar as estrelas,

formam figuras que à vista se descobrem,

ou que simplesmente se imaginam,

na fertilidade das mentes limpas e almas quase puras.

Um bolso onde coubesse o sonho e onde,

o espanto se ajustasse ao tamanho do deslumbramento,

quando olhamos o universo que nos rodeia.

No fundo, o que eu queria mesmo,

é que no meu bolso coubesse o mundo,

o que existe e ainda melhor que isso,

o mundo que no meu sonho crio de coração limpo.

26
Jul16

Da memória (2016-07-21)


canetadapoesia

 

 

De todas as coisas guardamos uma memória,

se de algumas é agradável de outras,

certamente gostaríamos

que a prodigiosa memória se esquecesse.

Mas a memória que não julga e

antes armazena e empilha,

vai juntando as peças todas,

pedaço a pedaço cria um mundo escondido,

recatado e não visível,

até que a explosão do desespero

traga à luz clara do dia

o que o escuro da mente guarda.

25
Jul16

Destruição (2013)


canetadapoesia

 

 

Na imaculada folha de papel,

de árvores abatidas construído,

verto a tinta da caneta invasora,

que em minhas mãos,

transformo num instrumento de criação

provinda da minha imaginação.

Nestas mãos que concertei também,

os instintos destruidores,

desta floresta que me dá prazer.

24
Jul16

Lições da história (2016-07-01)


canetadapoesia

 

 

Isso era o que eu queria,

sentir que o mundo

caminhava na direcção certa.

Olho-o com o olhar de sempre

com a esperança que melhore,

com o desejo que para os vindouros

seja este um mundo afável,

em que sintam seguros e realizados

como seres humanos,

que neste minúsculo planeta

de uma imensa galáxia,

não tenham de sofrer os flagelos

que outras gerações suportaram,

a fome, o medo, a guerra.

Começo a ter receios e a sentir

que este não é o caminho que aí nos leve,

tenho comigo que estes ciclos

de gerações que se sucedem,

tenham esquecido a história deste mundo

e as lições que ela nos tem deixado.

23
Jul16

Entre sóis, a felicidade (2016-07-22)


canetadapoesia

 

 

Sem que fosse forçado, de vez em quando,

vinham-lhe à memória episódios passados

quase esquecidos e remetidos para o escuro de um sótão.

Sentia ainda os primeiros raios solares,

do alto do seu 12º andar,

espraiando o olhar sobre a cidade,

apreciando o movimento do início do dia.

À noitinha era deleitar-se com o sol,

deitando-se guloso sobre aquele corpo que,

ora calmo ora alterado por prazeres mil,

se revolvia debaixo do seu peso

recebendo-o no seu seio para uma noite de descanso

e de cada encontro, entre amarelos e avermelhados,

o céu recebia espantado as cores vivas desse embate de titãs.

Eram os dois momentos mágicos do dia,

o amanhecer e o anoitecer,

donos de uma experiência única,

só possível a quem tinha África no coração.

Com os tempos em acelerada mutação,

ainda que as janelas e paredes fossem violadas

por inúmeros orifícios de tracejantes balas

e a vozearia ofensiva aumentasse,

continuava a sonhar na sua varanda e via

o nascimento e o ocaso diário do astro rei e,

o radioso nascer de uma Nação virada ao mundo.

Um dia deixou de ir à varanda,

não mais se preocupou com o nascer ou deitar

de um sol que já não lhe dava o prazer de outrora,

sentia que tudo se tinha tornado cinzento,

a luz da cidade que amava foi-se esbatendo

e desse intenso nevoeiro caído sabe-se lá de onde,

que nem friorento dia de “cacimbo”,

surgiu o ódio, a soberba, a vingança, o irracional.

Nesse dia tão negro como tantos que o seguiram

por anos que os dedos já não serviam de ábaco,

morreu-lhe a esperança de vez,

abandonou a varanda e os elementos que a adornavam,

meteu apressadamente na mala o que lhe restava,

três camisas, dois pares de calças e os documentos identificativos,

rumou ao mundo, a outro mundo que não o seu,

perdeu-se de esquecimentos pela terra que o viu ser homem.

Numa noite iluminada pelo ecoar da metralha,

subiu as escadas de um avião sem olhar para trás,

sentou-se onde o determinaram e fechou os olhos,

abriu-os horas depois, num outro universo que não conhecia,

aquele que nunca quis conhecer, mas que agora ali estava,

frio, chuvoso e ameaçador para quem vivia com o sol.

Antes mesmo de poisar um pé sobre essa terra desconhecida,

que ora o recebia no seu abraço traiçoeiro,

por entre os pongos da chuva que o encharcavam,

deixou cair duas lágrimas que inundaram a cidade,

esgotou o coração e da alma retirou a felicidade.

22
Jul16

Balindo sons (2016-07-03)


canetadapoesia

 

 

Mesmo ao meu lado,

sentado ao colo de alguém que a quer,

que a ama como ser frágil,

uma nova vida no mundo.

Pela tenra idade,

vais balindo sons que,

pela tua tenra natureza,

alegram o ar soturno que nos envolve na espera.

Interiormente exprimo um pensamento,

que não exponho aos olhos que nos vêm,

uma criança, igual a tantas outras,

um novo ser humano que,

como todas as crianças é frágil,

mas apelativa aos amores da alma.

Ainda que sejas votada a um outro Deus,

mesmo que a tua pele seja diferente da minha,

apenas uma criança,

que espera alegrar e deixar-se alegrar pelo mundo.

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