Pássaro estranho (2013)
canetadapoesia
É enorme e tem um voo pesado,
vi-lhe a sombra sobre a terra,
escurecendo espaço,
onde já tinha marcado a aterragem.
E eu imóvel.
Em cima do muro pousou e,
Num tiquetaque vibratório,
Rápido e infinito, perscruta à volta.
E eu imóvel.
Saltita pelo cimo do muro,
esvoaça para o maracujá,
sabe escolher o passarão.
E eu imóvel.
Debica, perfura, extrai,
em menos tempo do que leva a contar,
comeu, bebeu e alçou voo perdendo-se no céu,
deixei de o ver e apesar disso, com receio de o assustar,
contínuo imóvel.