De princesas estamos conversados,
não sou de sangue azul,
nem conde, nem barão, muito menos marquês,
que essas coisas não existem numa república,
mas tenho as minhas princesas,
lindas e cheias de esperança no futuro,
não vou, pois, perorar mais sobre o assunto,
a não ser garantir que a elas,
lhes seja dado esse futuro.
E se for o caso,
cá estarei para não as desapontar,
porque por elas, para elas,
tudo valerá a pena,
ainda que tenha de verter o sangue que não é azul,
mas vermelho, cor da raiva que me assalta,
sempre que deparo com as nuvens,
que possam toldar-lhes o crescimento.
Vejo-te tão enrolada
em trapinhos que te aquecem
que até tenho receio de em ti pegar.
Afasto algumas roupas
vislumbro finalmente uma cabeça,
pequenina ainda, e uns olhinhos,
que de tão recentes no mundo
ainda pouco abertos se encontram.
Vejo-te sobretudo,
na quietude da recém-nascida que acaba de chegar
a um mundo que desejo, freneticamente, te proteja e encaminhe,
que te seja agradável e te dê tudo o que mereces da vida.
O amor que te votamos está garantido,
ou não fosses mais uma princesa
a juntar ao rol de outras duas,
devoro-vos com o olhar do coração
mantendo no peito a chama acesa
de um lume que me arde na alma.
É sempre longa e cansativa,
e esperamos por tudo nesta vida.
Esperamos que o tempo passe
que se formem as condições para nascermos.
Esperamos a passagem do tempo
para que a vida nos seja o mais agradável
que possamos e consigamos construí-la.
Esperamos que o tempo
nos dê o máximo de tempo de vida
para disfrutarmos dos prazeres que ela nos conceda.
Esperamos que os nossos entes mais queridos
vinguem na vida e nela se instalem bem
arrastando consigo a prole que nos deixa felizes.
Esperamos, entretanto, e tantas esperanças,
que o nosso clube ganhe os campeonatos,
que o euromilhões nos saia pelo menos uma vez.
Esperamos ter saúde suficiente para
não esperarmos nos consultórios médicos.
Esperamos que o fim seja sempre rápido e indolor.
Esperamos que depois de uma vida,
tantas vezes sem esperança,
sejamos finalmente encaminhados
ao paraíso que não tivemos em terra.
Não sei se sinta ou não,
se ignore o negativismo
e insista no optimismo,
se apele à vida ou ao céu,
se me submeta passivamente ou
me revolte com a paixão dos injustiçados…
seja como for,
o tempo que tudo resolve
terá oportunidade de alguma coisa dizer
e seja o que for que anunciar,
nada poderemos alterar,
porque se está escrito nas estrelas
só elas têm o poder de influenciar
ou alterar o rumo que vier a ser apresentado!
Entretanto,
brindemos à vida, vivamos os momentos,
afinal, é tudo o que podemos guardar
dentro do nosso próprio coração.
Acarinhei-te no meu colo embalando teu tenro corpo
por momentos passei o meu olhar,
ainda estupefacto pela maravilha da vida,
na tua face e nesses pequenos olhinhos fechados.
Respiravas calmamente e dormitavas nos braços que te embalavam,
os meus,
acariciei-te as rosadas bochechas e
com surpresa vi surgir em ti um sorriso.
Nesse precioso momento senti o clique daquela emoção
porque somos tomados perante a grandeza e luminosidade
de um pequeno sorriso que nos enche o coração.
É enorme a sensação de ter nos braços
aquilo que consideramos o futuro do mundo,
uma parte de nós que agora começa o seu caminho.
Esta é a alegria que esperamos apreciar
por todo o tempo que o mundo nos conceder,
para que diariamente nos emocionemos
com este milagre com que a vida nos presenteia.
Não sei, nem sabe ninguém,
quanto pode pesar o amor que se sente,
que se tem por alguém que nos deslumbra.
Não sei, nem sabe ninguém,
como nasce a paixão que nos arrasta o coração
e nos transforma a alma.
Não sei, nem sabe ninguém,
como pode o amor e a paixão ser incontrolável
para com aqueles a quem o votamos.
Não sei, nem sabe ninguém,
porque nos apaixonamos e por quem,
quais os pressupostos, o que nos atrai.
Não sei, nem sabe ninguém!
Mas sei que a sensação que o amor
que a alguém incondicionalmente votamos,
trás consigo sensações de prazer e bem-estar
que só os próprios reconhecem
pelas suas almas por ele engrandecidas.
Sentir que te sentes quando
pela tua face lisa te passo os meus dedos grossos,
sorris para mim e piscas os olhinhos que,
ainda mal abertos ao mundo,
não distinguem quem têm à frente.
Eu apaixonado por ti que ainda nem me vez,
emocionado com mais uma vida
tão tenra e inocente e que me sorri,
descaio para a lágrima que me corre pela cara
que a emoção força sem que eu lhe ordenasse a saída
ou permitisse sequer que rolasse livremente dos olhos,
saindo para desaparecer por aí,
por esse chão que agora piso e por onde caminharás.
Sentir-te assim apaixonadamente
dentro do meu coração que bate por ti,
em aceleração crescente e descontrolada,
que te pertence desde o primeiro minuto em que te vi.
Que linda que és, serena e calma,
Não me canso de te olhar e tentar,
com a força deste amor que te tenho,
descobrir um futuro que seja teu,
mas não é possível adivinhar,
não consigo prever-te um futuro qualquer
um que eu desejasse fosse o teu que estou certo,
vai ser luminoso, porque nasceste sob o signo do amor,
vais ser amada toda a vida e terás
toda a protecção que o céu te vai certamente garantir.
A janela abriu-se devagarinho,
meia janela somente,
a seguir surge um rosto fino ou magro,
se quisermos, e branco, muito branco,
daqueles que raramente apanham sol,
vá-se lá saber porque o evitam.
Esticou-se até aos raios quentes
que levemente lhe tocaram a face,
a satisfação era visível e o prazer
de sentir aquele calor nem se conseguia mensurar.
Atreveu-se mais um pouco e expôs-se,
cara descoberta e virada ao,
cara iluminada pelo sabor e satisfação
que o astro rei lhe proporcionava.
Naquela face agora rosada cintilava o brilho
de uma vida cheia de coisas tão simples,
e o calor do sol a aquecer-lhe a alma.
E, no entanto, chove,
apesar do sol,
cai devagar,
com a lentidão de quem
não está com vontade de o fazer,
porque está fora de época,
porque não se circunscreve a este contexto!
E, no entanto, chove, apesar do sol,
com este calor que se começa a sentir,
abafado, opaco, opressivo e desgostante
mas humedecido pelas gotas de água
que propiciam vida e amenizam este sufocante ambiente,
apesar do sol, também chove.
Quando me ponho a olhar-te
deixo-me enlevar por esse minúsculo corpo
e perco-me nesse rosto e nas pregas
que ainda compõem o teu crescimento.
Dobra aqui, mais refego ali e uma pele,
que de tão lisa, até brilha na semi-escuridão do quarto.
Não me canso de perscrutar cada esgar,
um sorriso ou mesmo um queixume,
sempre procurando que daí consiga
ver ou descortinar um futuro para ti.
Sondagem infrutífera, que o futuro
não se deixa assim vasculhar,
a surpresa é a única premissa garantida.
Mas quando me ponho a pensar
no anjinho e inocente que és só posso ter uma certeza,
que todos os anjos do céu te protegerão,
que na terra tens mais alguém a ajudar com carinho e amor
com que serás eternamente brindada.
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