Sabe-se que faz bom tempo
E que para além disso
Faz sol!
Porque somos como o caracol
Logo que sentimos os calores,
Destes raios quentes que nos envolvem,
Saímos da caixa e na rua caminhamos
Sentindo e procurando o sol que nos bronzeia
E nos aquece o corpo a que a alma se apega.
Faz sol e aquece-nos dos invernos da vida!
Aqui sentado de costas voltadas à praça
Ouve-se o bulício que nela vai.
São correrias e brincadeiras,
Crianças ainda e já menos também,
Que a enchem de uma característica
Unicamente destinada aos humanos!
Sentem e gostam de se juntar
Neste sentimento de pertença a algo
Que no caso é a civilização que abraçam
O país que é seu e a cidade que habitam.
Sentimento de pertença que bem podia
Alargar e abranger o mundo, ao qual,
Sem dúvida, pertencem também!
É esse teu olhar quando em mim te fixas,
Para me conhecer e entender,
Para quando deres de caras com o avô
Saberes quem ele é e a que se compara.
Olhas-me com esse olhar perscrutador
E penetras-me na alma apaixonada
Com a doçura do teu tenro olhar,
Por vezes até emites sons,
Que eu tento decifrar,
Com sorte até com um sorriso me brindas.
Na desorganização e compadrio
Que se estabelece no país,
Desponta a oportunidade
Da miséria política para,
Como abutres,
Abocanharem todos os pedacinhos
De uma carne que seca aos calores
Da podridão dos que se assumem como
Pastores de um rebanho de mansos cordeiros!
Que é quadrada
Talvez mais para o rectangular
E é grande e larga,
De vidro inteiro,
Vê-se a rua que passa mesmo ao lado.
Tem passeios de ambas as margens
De onde desaguam automóveis,
Ao centro, entre as margens,
Um pequeno jardim a separá-las
E nele há árvores, muitas árvores
E sombra que se abraça neste calor.
Porque se acendem os raios de sol
E o calor aperta e aquece
E nos faz despertar aquecendo ainda mais.
São roupas a menos que faz calor,
São carnes a mais que ainda não desapareceram,
É um, despe veste, um, tira põe,
De manhã calor de derreter
E pela noitinha,
Uma brisa fria para arrefecer.
De qualquer modo, acalora…
Já se vinha sentido saudades dele,
Do verão que encanta,
Pelo calor e pela facilidade do despir
Tudo o que no corpo se acumula
Por todo o tempo em que o inverno
Nos vai habitando sem o querermos.
Mesmo assim, sendo sábado e fim de semana
A vida não pára, obriga e impõe
Que se peçam coisas que não queremos,
Melhor ainda,
Que não gostamos.
Ah! Vida, vida que a tanto nos obrigas!
A mesma vida que não queremos deixar,
Por isso nos obrigamos a coisas que não gostamos
Mesmo que seja a um sábado,
Para que a saúde não nos abandone,
Para que a vida possa continuar.
Esta gente que vagueia por cidades evoluídas
De onde inexoravelmente se retiram os automóveis
E no seu lugar se sobrepõem bicicletas,
De todos os tipos e de formas mais diversas,
Mas sempre movidos a pernas humanas.
São de facto pessoas evoluídas neste mundo
Que é também nosso, mas que caminha
A velocidades diferentes e portanto,
Se uns evoluem mais depressa,
Outros demoram muito mais tempo.
São diferentes percepções da vida e de vida
Que defendem a primazia das pessoas
Sobre a voracidade autofágica do automóvel,
Gente de outras latitudes, mais a norte,
Gente de outra educação e entendimento,
Atrevo-me, pois, um pouco mais,
Direi que é gente civilizada!
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