Juntam-se em coros quando de desgraças se discute
e falam inopinadamente, insultam e praguejam!
Não se detêm um minuto sequer... a pensar,
para dar uso à mais importante ferramenta
que o ser humano detém, a racionalidade!
O pensar antes de falar ou escrever,
articular pensamentos analisando situações,
procurando origens e motivações,
tudo isso é demasiado e complicado,
muito cansativo para o buraco que o têm no cérebro,
é mais fácil fazer transparecer a boçalidade da ignorância
que resplandece sob o insulto gratuito
e assim fazendo se derrubam encavalitados,
milhões de anos de evolução humana!
No silêncio de um dia de sol,
andando pelo verde de um jardim,
ouvindo os pássaros no seu chilrear
saltitando de ramo em ramo.
Parece um dia perfeito,
quase impossível de acontecer,
esquecemos as mágoas e as mazelas
e nem nos lembramos que no mundo,
há dias sem sol onde o chilrear
deixou de ser dos pássaros que,
nem sequer saltam de ramo em ramo,
mas passou a ser dos obuses,
que os homens não deixam de usar.
Matam e estropiam desfazendo sonhos
e anseios de futuros verdes,
onde se ouçam pássaros chilrear
e se veja o seu saltitar de ramo em ramo.
Um dia, talvez, o sol brilhará
e os pássaros chilreando saltarão
de ramo em ramo nos verdes jardins
que a esperança alimenta no sonho.
Três pedras iguais, três pedras diferentes.
Uma preta, uma branca e a outra,
um mistério,
é a mistura das duas anteriores.
Três pedras iguais, três pedras diferentes.
Recolhidas na praia por serem roliças,
lisas e tão diferentes entre si,
que suscitam alguma reflexão,
e, no entanto, simplesmente três pedras,
calhaus o que se queira chamar-lhes.
Questiono-me sobre o que pode conter uma pedra?
Uma alma, um sentimento, um mundo dentro de si?
Prosaicamente,
grãos de areia solidificados,
limados das suas arestas,
ao longo de centenas, milhares de anos até.
Um dia, apanhadas na praia,
porque alguém lhes encontrou alguma beleza,
algum não sei quê de diferente.
Tê-las na mão é, já de si, uma experiência nova, diferente.
Senti-las húmidas de água salgada,
acabadinhas de rolar na areia de onde foram retiradas, ou,
talvez, quentes do sol abrasador que as fustiga,
impiedosamente até que,
uma próxima onda as envolva de novo no seu sal molhado.
Três pedras iguais, três pedras diferentes.
Uma muito branca, outra muito preta,
outra, ainda, de ambas as cores.
Coexistem no mesmo mar,
envolvidas pelas mesmas ondas,
roladas na mesma areia e no entanto,
simplesmente pedras, pedras de várias cores,
sem nenhum espírito de separação entre elas.
Limadas até ao extremo em que a sua textura,
se torna suave e macia ao tacto, três pedras.
Se nada mais dissessem,
seria suficiente gostar delas e guardá-las,
mas dizem,
dizem muito daquilo que é o mundo em que vivemos,
como se formou, como se desenvolve,
como se coexiste entre pedras que são brancas umas,
pretas outras e de ambas as cores, outras ainda.
Três pedras iguais, três pedras diferentes.
E no entanto fica a questão,
o que podem conter estas três pedras?
Conterão, pelo menos, uma lição de vida,
três pedras de cores diferentes,
coexistem pacificamente nas praias que frequentamos.
E os humanos não conseguem coexistir,
porque lhes faltam muitos anos,
para limarem as suas arestas e ficarem lisos,
aveludados e macios aos contactos com outros humanos.
Tempo é o que precisamos para limar as arestas,
e como as pedras,
ainda ficaremos aveludados.
Como se as coisas se modificassem
pelas artes da magia que se procura.
Como se o mundo se alterasse
de um dia para o outro como gostaríamos.
Como se a nossa vontade fosse soberana
em relação aos ritmos e ciclos que movem o mundo.
Como se tudo fosse possível a todo o momento
sem que as coisas se equilibrassem.
Como se o mundo pudesse ser talhado
e formatado à imagem dos nossos desejos.
Como se pudéssemos reverter
o que o mundo torna irreversível!
Não devemos olhar o mundo a preto e branco
nem devemos coibir-nos de manifestar
no profundo do nosso ser e educação
toda a ira de quem abomina
qualquer tipo de ignomínia racista.
Não, não devemos tomar a andorinha pela primavera!
mas não podemos esconder a cabeça na areia
de um tempo em que o século já virou.
Precisamos de quem seja optimista,
de quem puxe pelo melhor que as pessoas têm dentro de si.
Não queremos por nada nem em nome de ninguém,
que se apresentem como verdadeiros profissionais,
como arautos da desgraça,
espalhadores de ódios e vinganças
quem inviabiliza a harmonia e a boa convivência
da única espécie racional do planeta,
de qualquer cor ou origem,
mas sempre seres humanos!
Por isso não devemos sequer imaginar
que a cegueira intelectual ou a ignorância
consigam vencer a razão da racionalidade
e que a ânsia de protagonismo
permitam a barbaridade do espalhar de falsidades
só possíveis pela ignorância pessoal,
pelos complexos de qualquer culpa,
qualquer fervor de retaliações do que lhes fere a mente.
Precisamos de pessoas em vez de gentinha!
Assim me deitei, iluminado,
primeiro deixei-a chegar devagarinho,
cortinas abertas, estores escancarados e ela,
não se fez de rogada e de mansinho, pé ante pé,
foi entrando sem pedir permissão.
Começou por subir pelos pés da cama,
esticou-se no edredão,
enroscando-se e contorcendo-se foi por mim subindo,
sem falsos pudores em mim se enroscou.
Sentindo-lhe o calor que a mim se apegava,
depressa fui despertando para tamanha audácia,
deixei-me ir lentamente acariciado,
sentindo pelo corpo o torpor de um luar extraordinário.
Escuto os sons da cidade aqui tão perto,
ao longe chamam-me os do campo,
nesta incerteza de uma escolha que nunca farei
reside a indecisão da minha vida.
Da cidade ou do campo…
Não consigo decidir-me quanto à escolha
a opção de vida é clara e saudável
mas a indecisão tolhe-me os movimentos,
sou absolutamente incapaz de escolher
as opções de vida que se me apresentam.
Vivo, pois, nesta amargura de amar
os silêncios e os ares do campo,
mas ser incapaz de perder o que a cidade me oferece!
Assim, sigo nesta linha de incapacidade
e vivo na eterna incerteza.
Poemem-me
com as palavras que vos aprouverem.
Poemem-me com força,
arduamente e sem receios.
Poemem-me com palavras
que sejam ásperas ou meigas,
educadas ou talvez não.
Mas poemem-me,
com os sentimentos que vos assolarem
porque a vida sem poesia não é a mesma.
Poemem-me por minutos ou segundos
porque a poesia durará para a vida!
Como todos os dias, andando
pelos caminhos que esta vida,
atribulada por milhentas questões,
nos indica como alternativa
a uma não existência humana.
Nesta terra que sentimos
debaixo dos pés que incham
e se deformam pela caminhada,
jaz o tempo de milhões de anos
calcados diariamente,
quase sem se saber,
por milhões de pés que a seguem
e repisam sem qualquer sensação,
correndo ao sabor do tempo
que não nos dá tempo
para nada apreciar
do que vale a pena na caminhada.
Porque me ponho a olhar para o firmamento
e nas estrelas procuro as respostas
para tantas angústias e dúvidas que me assaltam,
nelas encontro resposta que me acalma a alma.
Nelas encontro palavras dispares e soltas que,
quando, com engenho e arte consigo juntar,
se transformam em frases auspiciosas
de uma extraordinária beleza celestial.
Os meus anseios são o futuro,
não o que me diz respeito que já é curto,
mas aquele que a vós se dedica e no qual,
queiram ou não, participarão e moldarão,
preocupo-me que o mundo não vos seja hostil
que dele retirem toda a felicidade que vos desejo.
Olho as estrelas e pergunto-lhes
como vos vão tratar e proteger,
em todas elas encontro uma só resposta,
que sim, que vos acompanharão
por toda a caminhada da vida,
iluminando-vos a estrada que percorrerão
mesmo nas noites mais escuras.
Porque olho as estrelas e com elas converso
sobre o mundo que vos quero deixar como presente,
nelas confio e nos seus brilhos encontro
as respostas que tanto procuro para vós.
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