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Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

31
Jan19

Encavalitados (2019-01-31)


canetadapoesia

 

 

Juntam-se em coros quando de desgraças se discute

e falam inopinadamente, insultam e praguejam!

Não se detêm um minuto sequer... a pensar,

para dar uso à mais importante ferramenta

que o ser humano detém, a racionalidade!

O pensar antes de falar ou escrever,

articular pensamentos analisando situações,

procurando origens e motivações,

tudo isso é demasiado e complicado,

muito cansativo para o buraco que o têm no cérebro,

é mais fácil fazer transparecer a boçalidade da ignorância

que resplandece sob o insulto gratuito

e assim fazendo se derrubam encavalitados,

milhões de anos de evolução humana!

28
Jan19

Chilreando (2019-01-28)


canetadapoesia

 

 

No silêncio de um dia de sol,

andando pelo verde de um jardim,

ouvindo os pássaros no seu chilrear

saltitando de ramo em ramo.

Parece um dia perfeito,

quase impossível de acontecer,

esquecemos as mágoas e as mazelas

e nem nos lembramos que no mundo,

há dias sem sol onde o chilrear

deixou de ser dos pássaros que,

nem sequer saltam de ramo em ramo,

mas passou a ser dos obuses,

que os homens não deixam de usar.

Matam e estropiam desfazendo sonhos

e anseios de futuros verdes,

onde se ouçam pássaros chilrear

e se veja o seu saltitar de ramo em ramo.

Um dia, talvez, o sol brilhará

e os pássaros chilreando saltarão

de ramo em ramo nos verdes jardins

que a esperança alimenta no sonho.

26
Jan19

Três pedras (2012)


canetadapoesia

 

 

Três pedras iguais, três pedras diferentes.

Uma preta, uma branca e a outra,

um mistério,

é a mistura das duas anteriores.

 

Três pedras iguais, três pedras diferentes.

 

Recolhidas na praia por serem roliças,

lisas e tão diferentes entre si,

que suscitam alguma reflexão,

e, no entanto, simplesmente três pedras,

calhaus o que se queira chamar-lhes.

 

Questiono-me sobre o que pode conter uma pedra?

Uma alma, um sentimento, um mundo dentro de si?

Prosaicamente,

grãos de areia solidificados,

limados das suas arestas,

ao longo de centenas, milhares de anos até.

 

Um dia, apanhadas na praia,

porque alguém lhes encontrou alguma beleza,

algum não sei quê de diferente.

 

Tê-las na mão é, já de si, uma experiência nova, diferente.

Senti-las húmidas de água salgada,

acabadinhas de rolar na areia de onde foram retiradas, ou,

talvez, quentes do sol abrasador que as fustiga,

impiedosamente até que,

uma próxima onda as envolva de novo no seu sal molhado.

 

Três pedras iguais, três pedras diferentes.

 

Uma muito branca, outra muito preta,

outra, ainda, de ambas as cores.

 

Coexistem no mesmo mar,

envolvidas pelas mesmas ondas,

roladas na mesma areia e no entanto,

simplesmente pedras, pedras de várias cores,

sem nenhum espírito de separação entre elas.

Limadas até ao extremo em que a sua textura,

se torna suave e macia ao tacto, três pedras.

 

Se nada mais dissessem,

seria suficiente gostar delas e guardá-las,

mas dizem,

dizem muito daquilo que é o mundo em que vivemos,

como se formou, como se desenvolve,

como se coexiste entre pedras que são brancas umas,

pretas outras e de ambas as cores, outras ainda.

 

Três pedras iguais, três pedras diferentes.

 

E no entanto fica a questão,

o que podem conter estas três pedras?

Conterão, pelo menos, uma lição de vida,

três pedras de cores diferentes,

coexistem pacificamente nas praias que frequentamos.

 

E os humanos não conseguem coexistir,

porque lhes faltam muitos anos,

para limarem as suas arestas e ficarem lisos,

aveludados e macios aos contactos com outros humanos.

Tempo é o que precisamos para limar as arestas,

e como as pedras,

ainda ficaremos aveludados.

25
Jan19

Como se o mundo… (2019-01-26)


canetadapoesia

 

 

Como se as coisas se modificassem

pelas artes da magia que se procura.

Como se o mundo se alterasse

de um dia para o outro como gostaríamos.

Como se a nossa vontade fosse soberana

em relação aos ritmos e ciclos que movem o mundo.

Como se tudo fosse possível a todo o momento

sem que as coisas se equilibrassem.

Como se o mundo pudesse ser talhado

e formatado à imagem dos nossos desejos.

Como se pudéssemos reverter

o que o mundo torna irreversível!

24
Jan19

Racismos (2019-01-24)


canetadapoesia

 

 

Não devemos olhar o mundo a preto e branco

nem devemos coibir-nos de manifestar

no profundo do nosso ser e educação

toda a ira de quem abomina

qualquer tipo de ignomínia racista.

Não, não devemos tomar a andorinha pela primavera!

mas não podemos esconder a cabeça na areia

de um tempo em que o século já virou.

Precisamos de quem seja optimista,

de quem puxe pelo melhor que as pessoas têm dentro de si.

Não queremos por nada nem em nome de ninguém,

que se apresentem como verdadeiros profissionais,

como arautos da desgraça,

espalhadores de ódios e vinganças

quem inviabiliza a harmonia e a boa convivência

da única espécie racional do planeta,

de qualquer cor ou origem,

mas sempre seres humanos!

Por isso não devemos sequer imaginar

que a cegueira intelectual ou a ignorância

consigam vencer a razão da racionalidade

e que a ânsia de protagonismo

permitam a barbaridade do espalhar de falsidades

só possíveis pela ignorância pessoal,

pelos complexos de qualquer culpa,

qualquer fervor de retaliações do que lhes fere a mente.

Precisamos de pessoas em vez de gentinha!

21
Jan19

Iluminado (2019-01-22)


canetadapoesia

 

 

Assim me deitei, iluminado,

primeiro deixei-a chegar devagarinho,

cortinas abertas, estores escancarados e ela,

não se fez de rogada e de mansinho, pé ante pé,

foi entrando sem pedir permissão.

Começou por subir pelos pés da cama,

esticou-se no edredão,

enroscando-se e contorcendo-se foi por mim subindo,

sem falsos pudores em mim se enroscou.

Sentindo-lhe o calor que a mim se apegava,

depressa fui despertando para tamanha audácia,

deixei-me ir lentamente acariciado,

sentindo pelo corpo o torpor de um luar extraordinário.

20
Jan19

Vivo na incerteza (2019-01-16)


canetadapoesia

 

 

Escuto os sons da cidade aqui tão perto,

ao longe chamam-me os do campo,

nesta incerteza de uma escolha que nunca farei

reside a indecisão da minha vida.

Da cidade ou do campo…

Não consigo decidir-me quanto à escolha

a opção de vida é clara e saudável

mas a indecisão tolhe-me os movimentos,

sou absolutamente incapaz de escolher

as opções de vida que se me apresentam.

Vivo, pois, nesta amargura de amar

os silêncios e os ares do campo,

mas ser incapaz de perder o que a cidade me oferece!

Assim, sigo nesta linha de incapacidade

e vivo na eterna incerteza.

19
Jan19

Poemem-me (2019-01-19)


canetadapoesia

 

 

Poemem-me

com as palavras que vos aprouverem.

Poemem-me com força,

arduamente e sem receios.

Poemem-me com palavras

que sejam ásperas ou meigas,

educadas ou talvez não.

Mas poemem-me,

com os sentimentos que vos assolarem

porque a vida sem poesia não é a mesma.

Poemem-me por minutos ou segundos

porque a poesia durará para a vida!

17
Jan19

Caminhada (2019-01-13)


canetadapoesia

 

 

Como todos os dias, andando

pelos caminhos que esta vida,

atribulada por milhentas questões,

nos indica como alternativa

a uma não existência humana.

Nesta terra que sentimos

debaixo dos pés que incham

e se deformam pela caminhada,

jaz o tempo de milhões de anos

calcados diariamente,

quase sem se saber,

por milhões de pés que a seguem

e repisam sem qualquer sensação,

correndo ao sabor do tempo

que não nos dá tempo

para nada apreciar

do que vale a pena na caminhada.

15
Jan19

Porque olho as estrelas (2019-01-17)


canetadapoesia

 

 

Porque me ponho a olhar para o firmamento

e nas estrelas procuro as respostas

para tantas angústias e dúvidas que me assaltam,

nelas encontro resposta que me acalma a alma.

Nelas encontro palavras dispares e soltas que,

quando, com engenho e arte consigo juntar,

se transformam em frases auspiciosas

de uma extraordinária beleza celestial.

Os meus anseios são o futuro,

não o que me diz respeito que já é curto,

mas aquele que a vós se dedica e no qual,

queiram ou não, participarão e moldarão,

preocupo-me que o mundo não vos seja hostil

que dele retirem toda a felicidade que vos desejo.

Olho as estrelas e pergunto-lhes

como vos vão tratar e proteger,

em todas elas encontro uma só resposta,

que sim, que vos acompanharão

por toda a caminhada da vida,

iluminando-vos a estrada que percorrerão

mesmo nas noites mais escuras.

Porque olho as estrelas e com elas converso

sobre o mundo que vos quero deixar como presente,

nelas confio e nos seus brilhos encontro

as respostas que tanto procuro para vós.

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