Quando cai a tarde (2019-02-27)
canetadapoesia
Vai-se despegando do dia este sol majestoso,
cai a tarde de mais um glorioso dia na terra,
com ele se sente o fechar dos rostos alegres
que o sol, no seu deambular diário,
vai abrindo em sorrisos para a vida.
De senhos cerrados caminham agora,
passos apressados ecoam nas ruas e calçadas
de uma cidade prestes a enclausurar-se
fechando-se na noite em que a escuridão
tudo permite e oculta de olhares atrevidos.
Enchem-se os transportes públicos de gente
que corre e se empurra na ânsia desmesurada
de encontrar um espaço apertado e único
entre corpos suados e cansados de fim de dia,
alguns perfumados com o aroma dos simples
cujo excesso esconde o cheiro de uma vida triste
cujos horizontes se limitam ao que diariamente
alcançam como trajecto de vida cinzenta,
as estações de entrada e saída e, no regresso,
o vice-versa do mesmo caminhar.
Nos rostos não se vislumbra felicidade
porque a violência da cidade o impede
e a rudeza da vida não o permite.