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Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

11
Jun19

O homem de Lisboa (2014-09-05)


canetadapoesia

 

 

Viera de longe, tão longe que,

já não conseguia determinar essa lonjura,

o homem de Lisboa.

Na pureza da raça que abarcava,

se vertiam todas as cores deste mundo,

porque ele descendia do só agora compreendido.

Veio do Norte e do Sul, do Este e do Oeste,

tinha vindo de todo o lado,

calcorreado os caminhos do mundo,

mas era o homem de Lisboa.

Aqui, neste cadinho mediterrânico,

juntou e amassou todos os condimentos,

ferveu-os na pressão das caldeiras vulcânicas,

que nos brotam do mais fundo da terra,

marinou tudo na água do sal que

dos seus olhos futuros se soltariam,

nasceu a obra prima inigualável,

o homem de Lisboa.

O cidadão do Universo que de desconhecido

o deu a provar a quantos duvidaram,

que dos pinhais que um povo sonhou

mais o linho que bordou ao vento içado,

nasceria o mundo que conhecemos e,

o ser de raça pura e mesclada que daí resultou,

o homem de Lisboa.

09
Jun19

Se o mundo parasse (2013)


canetadapoesia

 

Se parasse, ainda que por breves minutos.
Que poderia suceder?
Se parasse e se fizesse silêncio absoluto.
Teríamos ocasião de o olhar,
abismados com a sua beleza.
Extasiados com a sua força,
admirados com a sua resistência.
Se parasse, ainda que por breves minutos.
Poderíamos olhar-nos e, pelo silêncio mútuo,
reconhecermo-nos como seres humanos.

09
Jun19

O rio (2010)


canetadapoesia

 

Por entre os vidros,
uma nesga de rio se vislumbra,
e destas águas milenárias,
que bordejam esta cidade luz
do País mais antigo do mundo,
as imponentes figuras de antanho
que o violaram sucessivamente,
sulcando as suas águas,
em busca de um amanhã,
que por ironia do destino,
já se fez ontem e passado.

09
Jun19

Houve um tempo (2013)


canetadapoesia

 

Houve um tempo!
De choro e lágrimas que nas peles gretadas secaram,
de soluços que das gargantas roucas se soltaram,
do silêncio entrecortado de cinzas que,
sobre a terra ficaram e debaixo dela repousam.
Houve um tempo!
Que sobre o mundo parou um tempo,
que diariamente acordava estremunhado e, de cada uma delas,
mais vidas se perdiam, mais fome existia.
Houve um tempo!
Para sofrer e chorar, outro para festejar o fim do choro e da fome.
Houve um tempo!
Já esquecido e ignorado, caminhando pelos trilhos de um futuro,
cujo passado regressa em nuvens carregadas,
da actual ignorância de um ancestral não vivido.
Houve um tempo! Haverá um tempo!
Em que o arrependimento será regra,
em que a desculpa nada desculpará e o perdão será imperdoável.

09
Jun19

Deus da guerra (2014-12-15)


canetadapoesia

 

No silêncio do meu ser
soavam gritos de terror
não ouvia,
não sentia.
Estava imbuído do espírito
do Deus da guerra,
Ares?
Marte?
Ou mesmo Tyr ou Odin?
Todos eles em uníssono
me exigiam sangue,
e eram Deuses.

09
Jun19

Nascer do sol (2014)


canetadapoesia

 

Ver o sol, nascer
estender os seus tentáculos solares
sobre a terra.
Sentir o movimento dos seres vivos.
O mundo a acordar
e a cidade a formigar.
Está aí a primavera,
novo fulgor,
novas vidas.
Qual cigarra de fábula,
permito-me iniciá-lo a cantar.

09
Jun19

Por cada minuto que se viva (2013)


canetadapoesia

 

Nunca se esquecem pela vida fora,
os momentos que se viveram, em cada tensão sentida,
pelo corpo, pela alma, em cada bombarda disparada,
mais um espinho cravado no coração.
Não, não é verdade que, quem solta os cães da guerra
pela ponta de um canhão, não se pergunte, em silêncio conivente,
o que vai atingir, quem vai ser morto.
Não, não é verdade que, quem dispara a espingarda não saiba,
que aquela bala que ali vai, atingirá alguém,
causará dor e sofrimento quando atingir o seu alvo.
É, pois, com dor que se vive sabendo que,
tantos espinhos temos no coração,
mesmo que sem vontade própria, mas com a da realidade,
que se fecha à nossa volta, que nos utiliza como gatilho da morte.
Não, não é verdade que, o tempo tudo cura porque, estes espinhos,
jamais se soltarão do coração e nunca se apagarão da memória.
Não, não é verdade, nunca é verdade.

09
Jun19

No poema (2014-12-16)


canetadapoesia

 

 

No poema repousa o vermelho da raiva,

a paixão devoradora que nos assola,

o silêncio das palavras que se não dizem.

No poema fica a alma do poeta,

que se consome com o fogo da vida.

No poema fica o verde da esperança,

que o brilho do sol, um dia, venha a espalhar

pelos corações empedernidos da modernidade exausta.

No poema fica a vida.

02
Jun19

Braços abertos (2013)


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Do alto do seu pedestal,

braços abertos à cidade,

que do outro lado do rio,

se acolhe à sua protecção.

Olha tranquilo o rebanho,

que das suas palavras fez caminho,

e que delas ainda retira,

os trilhos que a vida,

decidida ou aos solavancos,

vai criando e desbravando,

nos caminhos do presente,

e com os olhos brilhantes de futuro.

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