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Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

20
Set19

Nada sei de poesia (2011)


canetadapoesia

 

 

Mas que poeta sou eu,

se nada sei de poesia.

Que poeta serei se, no que escrevo,

nada mais me sai que o olhar da vida.

Poeta não sou certamente,

mas o que vejo é a vida.

Essa mesma vida que de poeta nos faz um pouco,

nos transforma em loucos,

nos molha os olhos de tristeza e,

ao mesmo tempo,

nos distende os lábios em sorrisos de alegria.

Poeta não sou certamente,

pois nada sei de poesia.

Mas de humano sim,

tenho muito de alegria.

20
Set19

Espuma (2011)


canetadapoesia

 

 

De longe se vinha amontoando,

rolou e embrulhou-se num esgar de prazer,

arrastou areias e cascalho misturando-os.

Num banho de espuma branca,

se espalha pela praia deserta.

Num arrependimento repentino,

enrola-se e de novo se recolhe,

envergonhada,

à profundeza do oceano.

19
Set19

Estradas (2019-08-01)


canetadapoesia

 

 

Percorre-se a estrada da vida

e dentro dela todas as outras

que nos encaminham à final.

Vemos conhecemos e aprendemos

de cada uma que atravessamos,

interiorizamos cada momento e vivemos

intensamente os segundos concedidos

para que cada passo trilhado

seja a sequência natural dos passos anteriores.

São tantas as estradas disponíveis,

imensas as que podemos cruzar,

há sempre uma aprendizagem a fazer,

quer sejam agradáveis ou pelo contrário,

nos tragam amargos de alma.

Assim me sinto nesta travessia de tantas estradas,

cruzamentos e até, entroncamentos…

um viajante do tempo e um eterno aprendiz!

17
Set19

Paisagem Irlandesa (2019-07-30)


canetadapoesia

 

 

Descansava o olhar na paisagem imensa

que vislumbrava da janela do autocarro.

No olhar mais longo só via mar

e perdia-se com a distância que alcançava,

mar perto, quando o olhar era mais curto.

Distinguia a rocha que ao longo de imemoriais tempos

se transformara sendo agora o suporte desta ilha e que,

bem lá nos fundos dos tempos,

se fixara e crescera sobre areias e outros elementos

que se sobrepuseram milénio atrás de milénio,

até que em rocha firme e dura se tornara.

Era uma ilha onde agora, tantos milénios passados,

habitavam pessoas que tinham animais,

que urdiram uma cultura e por ela lutaram,

que geraram outras gentes destas gentes paridas

e que no mundo se espalharam

para engrandecimento da sua ilha de pedra

forjada pelos milénios expostos e gentes tenazes.

16
Set19

Sim, eu sei… (2019-09-16)


canetadapoesia

 

 

Sim, eu sei o que custou

sorrir para fora quando o coração chorava,

ocultar de outros olhos a angústia que nos apertava o peito.

Sim, eu sei o que custou

guardar no cofre da alma os temores do futuro,

sentir o sal das lágrimas a escorrerem pelo rosto.

Sim, eu sei o que custou

sentir-me dilacerado pelos sorrisos de circunstância,

sentir a infância a perder-se pelos anos que viriam.

Sim, eu sei o que custou

ficar sem o sol da minha vida em idade de sonhar,

ter de ser homem quando via outros brincar.

Sim, eu sei o que custou

Sentir o terror da noite sem fim

em que os olhos não se fechavam com receio do dia.

Sim, eu sei o que custou

tudo isso e mais outras coisas que a vida

me lembra permanentemente e não deixa esquecer!

15
Set19

Quando olho para trás (2019-07-25)


canetadapoesia

 

 

Vejo um mundo que lentamente, foi ando lugar a outro,

sinto vertigens da velocidade com que deixei o primeiro

e rapidamente entrei no segundo.

Ainda vejo o menino que descalço e em velhos calções,

calcorreava o passeio e as ruas de um bairro

que era uma cidade e no seu conjunto,

um mundo sem complexos ou proibições,

sem antagonismos ou erosões do humano que todos somos.

Sinto na alma os verdes anos da criança que fui outrora

e que apesar da velocidade da passagem abrupta de mundos,

ainda quero conservar no coração

sem rancores, sem negativismos, sem cores,

apenas a inocência e credulidade da criança que fui!

14
Set19

A casa (2019-07-20)


canetadapoesia

 

 

Parecia uma casa como tantas outras

e assim era no princípio das coisas.

Era uma casa com quintal

onde floresciam os frutos tropicais.

De quando em vez ouvia-se o típico barulho

da fruta caindo no chão,

o mamão, as mangas ou mesmo o abacate.

Mas era uma casa branca,

onde duas crianças, brancas,

espalhavam os gritinhos e risos da brincadeira.

Porque as crianças são imprevisíveis

e as casas são para isso mesmo,

depressa se encheu o quintal de outras cores.

Entre o branco da casa e o negro

que a ele se misturou, mais as outras cores

que se lhes foram juntando no riso e brincadeira,

depressa se transformou no arco íris da inocência.

A casa deixou de ser branca!

A casa passou a ser de todas as cores,

todas eram bem-vindas e o lanche, partilhado

pelas várias cores que a passaram a compor.

A casa, passou a ser colorida e,

da inocência das crianças das várias cores

se fez um mundo novo,

que se queria transpusesse o muro do quintal

e se espalhasse pelo universo!

12
Set19

Por estes amores (2019-07-15)


canetadapoesia

 

 

Por esta estrada fora em que circulo,

sigo a direcção certa que o coração,

enternecido de tanto amor e emoção,

me vai indicando como alvo.

Vou rememorando e relembrando momentos

que a vida vai, paulatinamente, acumulando e com ansiedade

procuro reviver agora, ao vivo e de forma entusiasta.

Sinto a aproximação,

dispara a emoção e o coração já em desalinho acelerado,

bate incessantemente e com estrondo.

Estou próximo!

Antevejo o abraço pequenino, mas tão grande,

que me envolve o corpo por completo.

Que felicidade, que ternura, sentir o calor que

tão pequenos corpos emanam e que emoção senti-los

a embrulhar com carinho o meu enorme corpanzil.

É a paixão pela vida que no mundo,

pé ante pé, se vai firmando.

11
Set19

Se não te respondo… (2019-07-10)


canetadapoesia

 

 

Se por acaso não te respondo à letra,

não é que não queira ou não o mereças,

é porque a contenção a que me atenho

e a educação que recebi de um berço

que não luzia e nem sequer era de ouro,

é de tal ordem de civilização e decoro,

que me impede de trazer ao de cima

toda a fúria e baixeza que merecias.

Não quero sequer responder à baixeza com baixeza,

por isso te digo que te ignoro!

Nem quero saber se o teu berço é de ouro,

porque o que demonstras nas atitudes

para com outras pessoas e ideias que trocas,

é bem demonstrativo que não aproveitaste

para te elevares e não desceres ao patamar

do chiqueiro em que chafurdas,

por actos, por palavras e educação em falta!

09
Set19

Coisa boa, esta Lisboa (2019-07-01)


canetadapoesia

 

 

Porque é assim nesta cidade,

um calor abrasador durante o dia

e pela tardinha, mesmo à hora do sol partir,

aparece aquele ventinho que arrefece o dia

preparando a noite para a frescura do calor

que permite as quase tropicais folias nocturnas.

Por esses caminhos, ruas e vielas,

é ver tanta formiguinha cansada

de um dia de trabalho e calor,

transformar-se na mais radical cigarra.

Lisboa!

É coisa boa, diz o poeta!

Nunca foi tão verdadeira tamanha perspicácia.

Lisboa!

É mesmo coisa boa, alegre e divertida,

pela noite fora, que os dias são quentes,

 cansativos quanto baste,

e nem sempre se tem uma aprazível

e amena esplanada ao virar da esquina.

É mesmo coisa boa, recomendada e muito procurada,

esta Lisboa que eu amo!

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