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Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

08
Set19

Mimos e impropérios (2019-06-28)


canetadapoesia

 

 

Porque me incendeias com a tua ira

e me olhas pelas formas que são tuas,

não respeitas o que sinto ou digo

porque os meus padrões são diferentes!

Defendes o que o teu umbigo,

limitado ao tempo e espaço em que vives,

debita em termos de existência do agora,

eu deixo que o meu vagueie

pelas experiências da vida já passada

e pelo mundo por onde viajou.

Porque eu grito pela igualdade de todos

e respeito qualquer opinião, até a tua,

mas não aceito que, por ter a minha,

te libertes do dever do civismo e educação,

denegrindo-me e rastejando pelo insulto pessoal.

Estou cansado de fingir que não ouço

o que da boca te sai e a mim se dirige,

sem que o acto de pensar como humano consciente

não esteja presente na tua forma de vida.

Porque estou cansado e recheado

daquilo que considero no meu íntimo

como mimos de caprichoso ser,

que só se afirma com impropérios

da baixeza humana que desconhece a educação.

07
Set19

O ninho da rola (2019-06-25)


canetadapoesia

 

 

Faz muitos anos que ali estava,

entre dois fortes galhos,

com raminhos entrançados,

resistente a toda a espécie de contrariedades,

fosse a chuva intensa ou o vento enlouquecido,

com a sombra protectora ou o sol impiedoso,

aguentava-se, resistia e não caía!

Em cada nova primavera,

Coberto pela folhagem que ia nascendo,

lá se ouvia de novo o som da vida

que ali despontava em “currucucus” sucessivos.

De quando em vez avistavam-se, cá de baixo,

as pequenas rolas recém nascidas,

em cada primavera uma nova família é gerada.

Passados todos estes anos ainda me surpreendo

quando de entre os raminhos despontam as novas vidas e,

num repente, dão os primeiros e ainda trôpegos passos

para de seguida se deixarem cair no vácuo

abrindo as jovens asas, batendo-as desalmadamente,

para que se dispersem no mundo que os espera.

Na próxima primavera se repetirá o ritual,

porque o ninho que tantas rolas já criou,

resistirá de novo para que,

uma das recém-criadas regresse

e crie também a sua ninhada.

A contemplação da vida que se repete!

06
Set19

Não sei desenhar (2019-06-20)


canetadapoesia

 

 

Gostava de pôr no imaculado papel,

em vibrantes e deslumbrantes cores,

todos os matizes do paraíso.

Desenhar os jardins do Éden

recheados das aves mais bonitas

que alguma vez o olho humano,

na sua incessante busca pelo belo,

tivesse descortinado nesta terra sob o sol.

Mas não sei desenhar e menos ainda pintar

de forma a que o paraíso possa,

com humildade, mas com arte,

ser retratado como merece!

Tivera eu o dom dos Deuses de,

com simples pinceladas,

ser capaz de o fazer e então

seria certamente elevado

à categoria superior em cuja galeria

só os eleitos expõem o seu trabalho.

Aqui na terra, certamente seria apreciado,

mas no céu onde predominam

os supremos criadores do paraíso

sentar-me-ia na tribuna dos Deuses.

05
Set19

Quase manhã (2019-06-10)


canetadapoesia

 

 

Pela estrada fora sempre a direito, por aí,

mais ou menos uma dúzia de quilómetros,

sempre a direito, em linha recta,

a velocidade controlada,

nem mais nem menos,

oitenta quilómetros por hora,

marcados nos vários sinais ao longo da estrada!

Ao longo desta quase manhã

de uma primavera que se alterna

com pedaços de inverno atrasados,

os primeiros raios de um sol ainda laranja,

lançados sobre um céu excepcional,

de um azul brilhante que de imediato

me lembra a brancura do algodão,

que em fiapos o vai atravessando.

Não que estes raios aqueçam já o dia

ou sequer me aqueçam a mim,

mas não tenho dúvidas que aquecem

este e qualquer outro coração,

que engrandecem esta ou qualquer outra alma.

Uma fonte de pura vitamina

para o dia que ora começa e na retina

este céu azul sulcado de fiapos de algodão

e por rios alaranjados atravessado

que o esplêndido astro rei deixa cair sobre a terra.

Mais um dia de natureza extraordinário!

04
Set19

Voar sobre ti (2019-06-01)


canetadapoesia

 

 

Abriste-me as tuas asas

de tal dimensão eram

que me permitiram voar

livre e sem empecilhos

por estes céus da tua existência.

Porque sozinho não saberia como,

Socorro-me das asas que me deste

e voo solenemente sobre ti

sem acanhamentos ou vergonhas.

Com as asas que me deste

não só voo sobre ti como ainda me transporto

a um paraíso que dificilmente enxergaria

ou sequer sentiria alguma vez em meu corpo.

Quando se fecham cerramos o casulo

dentro do qual transpiramos o amor,

carinho e excitação só possíveis

porque me deste as tuas asas para sobre ti voar.

03
Set19

Olhos nos olhos (2019-05-30)


canetadapoesia

 

 

De olhos nos olhos me encaras

e apesar de eu ter garantido

que me escondes alguma coisa,

que a verdade está afastada das tuas

quase convincentes palavras,

não desvias o olhar nem tremes a voz.

É sério! A coisa tem de ficar esclarecida!

Afirmas e reafirmas que nada sabes,

que o que parece não o é efectivamente

e que se aconteceu só pode ter sido alguém!

Está resolvido… afinal foi alguém,

o que pode significar toda a gente,

tu e eu incluídos nesta desconfiança,

afinal, uma sombrinha de chocolate

merece uma investigação profunda

e suficientemente séria para se descobrir

quem afinal foi o larápio atrevido

da sombrinha de chocolate.

02
Set19

Sinto-te mãe (2019-05-25)


canetadapoesia

 

 

Sinto-te curvada, as costas dobradas

do tempo passado e repassado,

não vejo mágoas nesses olhos

cuja visão já se oculta

entre névoas do passado.

Noto que o horizonte que alcanças

ainda está muito para lá

da minha pequena capacidade

de poder acompanhar a grandeza

da vida que foi tua e nossa

e que ao lado da sombra que nos fazias,

acompanhámos o teu andar.

Vejo em ti a grandeza das grandes rainhas

e a humildade dos grandes seres do mundo,

reconheço que foi dura para ti

esta vida madrasta que, apesar de tudo,

sempre combateste com o estoicismo inato

das grandes guerreiras do universo.

Sinto em ti, ainda hoje,

a maternal sensação de proteger

aqueles que ao mundo trouxestes,

mesmo que agora, devam ser eles a fazê-lo.

Sinto em ti essa força que o universo

só entrega aos verdadeiros guardiões

do coração e alma do mundo!

Sinto-te mais que nunca,

a minha querida e eterna mãe

a quem nunca saldarei a dívida da conta

que jamais me apresentaste para pagamento.

01
Set19

Calcorrear a vida (2019-05-15)


canetadapoesia

 

 

É a estrada que calcorreamos,

longa, muito longa e quente,

como se na terra, o inferno do fogo,

às costas to carregassem,

e segues, caminhando…

vergado ao teu próprio peso

acrescentando todo o restante que,

benemeritamente, te depositam nos ombros.

Sem queixumes, sem mais azedumes

que os que a tua própria vida impõe,

vais calcorreando essa longa estrada.

Os pés já sentem a terra que te há de cobrir,

a gravilha da estrada abre sulcos

lancinantes que te sobem ao coração

porque o que calças para te proteger os pés

há muito tempo deixou de exercer a função

para que foi artesanalmente construído.

É a vida, repetes e repetem-te

com o fervor e resignação

de quem da vida só herdou esse pendão.

Calcorreias a estrada da vida e

calcas as pedras que te sulcam os pés

inchados de tanta caminhada e

da terra que te suga a seiva da vida

só recebes o trabalho,

que irás passar à próxima geração.

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