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Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

15
Dez19

Esse teu rosto (2011)


canetadapoesia

 

 

Esse teu rosto sem idade,

sulcado pelos agrestes tempos da vida,

lavrado em profundos canteiros de rosas,

pelo vento que o açoitou.

Esse teu rosto marcado,

pelos sonhos que nunca realizaste,

pela dureza que a vida te impôs,

no caminhar que o tempo já esqueceu.

Esse teu rosto ímpar,

no contar de estórias inenarráveis,

que os anos tornaram irreais à luz que hoje brilha,

que são o testemunho vivo da história que vivemos.

Esse teu rosto risonho,

que tudo viu passar,

que perdoou os males a que não pôde fugir,

que sorri, apesar de tudo.

Esse teu rosto vivido,

que traz sulcado a traços profundos,

o mapa do mundo por onde andaste

e os caminhos que calcorreaste.

Esse teu rosto bondoso,

que assistiu a um mundo e acaba noutro,

que merece respeito e recebe despeito,

que tudo faria para saciar os insaciáveis.

Esse teu rosto que eu respeito,

e ainda que os ventos da modernidade,

imberbes e ignorantes,

propalem o contrário, agradeço,

pelo futuro que teu sacrifício me deu.

15
Dez19

Se ao menos fossem... (2011)


canetadapoesia

 

 

Se esta gente gostasse,

se tivessem alguma afinidade,

se olhassem o mundo com os humanos olhos,

que lhes nasceram na cara para ver,

tudo seria diferente.

 

Decerto,

muito menores seriam as amarguras,

de quem das mãos faz meio de vida,

de quem vive do seu árduo trabalho,

das canseiras de uma vida.

 

Há!

Que mundo maravilhoso teríamos,

se ao menos fossem poetas.

13
Dez19

Corpo moreno (2011)


canetadapoesia

 

 

Não venho para te ver,

venho ver o mar,

sentir a areia,

ouvir o arrulhar das ondas,

mas não deixo de te olhar.

Em mim despertas a atenção,

pelo formoso corpo que exibes,

pela singularidade do vestuário

que nem vejo onde se encontra.

Na tua pele tens desenhado pelo sol

um fato que te serve para o banho,

carnes alvas,

de uma brancura contrastante

com a cor da tua tisnada pele.

Estás nua na praia,

indiferente aos olhares curiosos.

E eu que o sou também,

desnudo o meu olhar sobre o teu corpo moreno.

12
Dez19

A pele (2011)


canetadapoesia

 

 

Não me venhas de novo despida,

aparece que te espero sempre,

mas traz vestida,

por cima dessa carne vermelha,

a pele que te consagra como humana.

Sedosa, macia, escorregadia por vezes,

mas sempre o melhor vestuário,

preparada pelo mais alto costureiro,

sem igual, sem rival,

a pele que te cobre,

que deixa à mostra o suficiente,

o que queres deixar, nada mais,

para diluíres em ti a férrea vontade dos homens.

11
Dez19

Frémito (2011)


canetadapoesia

 

 

Senti teus membros atravessados por um frémito,

de sensações estranhas, ou talvez não,

encolheste-te e enroscaste-te quase como um novelo.

Olhei-te nos olhos,

estavam húmidos e, de cada um, caía uma lágrima

e nem choravas.

Sentias o frémito do prazer que se instalou em teu corpo,

corria-lo com as tuas próprias mãos,

do pescoço aos seios,

pressionaste-os com ambas as mãos

quase os tapando de minha vista despudorada.

Desceste ao ventre,

e entre a volúpia do prazer,

sentiste-te, sentiste-me, sentimo-nos.

Um beijo, demorado nos uniu,

dois corpos em frémitos se soltaram.

10
Dez19

Debaixo desta lua (2011)


canetadapoesia

 

 

Reina sobre a terra com todo o seu esplendor,

redonda, iluminada, enorme.

Debaixo da sua imensa protecção

vivem tristezas e alegrias,

amores e desamores,

vivem pessoas.

E nesta noite enluarada,

onde a escuridão se faz luz,

haverá amor

feito sob a sua protecção,

haverá carinho

matando a solidão,

sobretudo,

haverá esperança no ser humano

por um melhor mundo nosso.

09
Dez19

Mãos rugosas (2011)


canetadapoesia

 

 

Nestas minhas mãos rugosas,

com calos também,

que a vida assim o quis,

sinto uma percepção sensorial

que cresce e alastra,

que supera tristezas,

que me alegra o espírito

sempre que lhes acontece

percorrerem o teu corpo macio

e dele retirar

todo o sabor do mar que me rodeia.

07
Dez19

O vento (2011)


canetadapoesia

 

 

Não tinha direcção certa,

tanto se fazia sentir pela frente como por outro lado qualquer,

vinha morno,

que a temperatura do ar já o prenunciava,

trazia consigo uma ligeira brisa do norte,

e açoitava-te de mansinho,

sem querer magoar-te,

sem querer incomodar-te,

dava-te o ar descontraído de quem passeia ao seu sabor.

Aqui e ali puxava-te a ponta da saia,

dava a conhecer um pouco mais de ti,

da tua intimidade que nem se recolhia com o feito,

antes se sentia prazenteira pelo facto,

mostrava o verão que te corria pelo corpo vestido,

e que ele pretendia desnudar,

trazendo-o ao olhar do mundo que te cercava.

06
Dez19

Encontro de titãs (2011)


canetadapoesia

 

 

Ali onde o dia se desfazia da noite,

naquele preciso ponto,

no momento em que se fazia a luz

nas trevas que a noite criava.

Num instante de sublime elevação,

numa concertada loucura do universo,

os extremos juntam-se para logo se separarem

e deste encontro de titãs renasce a vida,

diariamente,

em todo o seu potencial esplendoroso,

para o bem e para o mal.

05
Dez19

Queria e não queria (2011)


canetadapoesia

 

 

Queria ir e ao mesmo tempo não o queria fazer,

queria sentir o sabor da maçã,

mas ao mesmo tempo,

temia a experiência da serpente.

Mas o desejo,

a sensação da aventura,

o escorraçar das contingências sociais,

desafiá-las mesmo,

sobretudo o desconhecido

que uma serpente pode proporcionar.

Queria ir e ao mesmo tempo não queria,

acabou por ir,

provar a maçã,

sentir a serpente enroscar-se em si,

desejar que este fosse o paraíso eterno.

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