Náufraga (2011)
canetadapoesia
Encontrara-a por acaso,
num almoço,
deitei-lhe para cima a esquina do olhar.
Não parecia uma náufraga,
não a vislumbrava a afogar-se
num qualquer lago profundo,
olhou-me,
e o seu olhar semicerrado não se propôs a coisa alguma,
mas expôs-se,
um ligeiro tremer de lábios nada dizia
se a minha atenção não estivesse desperta,
mas o cerrar de dentes sobre eles,
logo denunciaram o propósito.
Não era náufraga,
sem hesitar propôs o pecado da traição.
Tirei a lição da emancipação.