A saudade antecipada (2011)
canetadapoesia
Desceu à doca,
percorreu o finger,
aproximou-se do sonho,
deu umas passadas à sua volta,
apreciou-o como nunca o tinha feito.
De repente bateu-lhe uma saudade,
daquele objecto de prazer ainda presente,
mas a quem estava prestes a dar asas.
Levantar ferro, na linguagem adequada,
para outras paragens,
para outros corações,
para outros sonhos.
Que lindo ele estava ali
ao sol dourado do início de dia,
brilhava como nunca e mantinha-se irrequieto,
como sempre, ao sabor das pequenas ondas,
não fora os cabos que o prendiam em amarração,
estava certo partiria desenfreado por aquelas águas,
galgando ondas, fazendo bordos,
e a 45º de inclinação, atingiria o sumo do prazer,
na velocidade estonteante que o vento lhe permitia.
Correu-lhe as mãos sobre o casco,
afagou-o tanto como pode,
despedia-me antecipadamente e,
se não fosse a chuva caída na véspera,
diria que também ele deitou uma lágrima.