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Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

30
Set20

Rios da vida (2013)


canetadapoesia

 

 

Não se apagavam na lonjura dos dias passados,

tudo aquilo que recordava,

os bons e os maus momentos.

Não sabia,

nem conseguia quantificá-los,

tantos dias bons, tantos dias maus,

achava mesmo que os maus estavam já a ganhar aos bons.

Deixara-se ir pelos rios da vida,

levado para longe das suas raízes,

deixou-se ir,

atracando num porto nunca imaginado,

mas era agora o seu porto de abrigo,

por enquanto,

até embarcar na viagem que o levaria a outro estado,

um mundo mais justo e suportável.

29
Set20

Um ponto no universo (2013)


canetadapoesia

 

 

Era um ponto no universo,

pensava,

deste universo repleto de pontos e estrelas,

mas ele era só um ponto,

dos mais pequeninos,

daqueles em que ninguém repara e em que,

nunca se dá conta que existem,

um ponto no universo.

Limitava-se a existir,

por enquanto,

sabe Deus quantas vezes desejou ir-se embora,

para o tal universo de que fazia parte como ponto,

quem sabe,

englobar-se nesse mesmo mundo,

tornar-se uma estrela brilhante,

maior que um simples ponto.

Sonhava que fosse possível observá-lo da terra e,

lá do alto, ouvir, todo vaidoso, os comentários,

“que linda estrela”,

“que brilho tão intenso”,

piscava do alto todo inchado.

Uma brilhante e longínqua estrela,

tão longe estaria que nada do que aqui se passasse o atingiria,

era o seu sonho,

vir a ser uma estrela brilhante,

longe da terra que tanto o maltrata.

28
Set20

Adormecer (2013)


canetadapoesia

 

 

Tentou adormecer,

rodou na cama, virou-se várias vezes,

não conseguia pregar olho.

Levantou-se, foi até ao escritório,

percorreu a estante repleta de livros,

escolheu um, leitura leve,

pensava que lhe traria o sono,

puro engano, não aparecia,

o desespero acentuava-se.

Chegavam os primeiros fiapos de luz

de uma madrugada que se sentia morna,

com eles veio o torpor da sonolência.

Fechou os olhos e sonhou.

27
Set20

Rugas (2013)


canetadapoesia

 

 

Enrolada no roupão olhou-se ao espelho,

verificou que aquela pequena ruga

que começara a despontar,

mais parecia um pé de avestruz.

Desligou-se da imagem

que só um espelho antipático devolveria

atrevendo-se a mostrar-lhe que a idade,

não se comprazendo com a eternidade,

começava a aparecer-lhe,

exactamente pelas pequenas rugas na face.

Pensou para si, que não, não se ia esconder,

afinal e apesar delas,

quanta beleza poderiam contar.

26
Set20

Noites enluaradas (2013)


canetadapoesia

 

 

Nas noites enluaradas,

quando as estrelas a visitavam,

punha-se a mirá-las.

Apreciava os seus contornos,

a luz que emitiam,

o brilho que davam ao céu.

Punha-se a sonhar.

Imaginava vezes sem conta

que aventuras teria,

se as conseguisse alcançar,

ainda que por breves momentos.

Tê-las à mão,

acariciá-las,

aconchegar-se-lhes,

na medida dos seus sonhos.

25
Set20

Universo (2013)


canetadapoesia

 

 

Olho para lá,

muito para além do universo,

passo as estrelas e os planetas,

acontece-me

sempre que me sinto só,

sempre que estou longe,

olho para além de mim próprio,

deixo de ver o mundo.

De onde estou,

olho para ELE,

sinto no coração o sorriso da bondade

de quem gostaria de tirar os pecados ao mundo.

Sinto-me acompanhado.

24
Set20

Vampiragem (2013)


canetadapoesia

 

 

Chamaste-me e eu aproximei-me,

sem receios, sem medos,

afinal habituamo-nos.

Escolheste o braço

onde a veia era mais saliente,

espetaste lenta e pausadamente a agulha,

senti-a entrar na pele, perfurar a veia,

dos vários depósitos retirei a única conclusão,

de que afinal o líquido que retiraste,

era vermelho, escuro, grosso, pastoso,

mas vermelho, nunca foi e nunca será azul,

o meu sangue é vermelho e assim continuará.

23
Set20

Inquieto (2013)


canetadapoesia

 

 

É tarde, quero dormir,

a noite segue o seu caminho,

procuro segui-la e quero dormir,

mas não consigo.

A mesma noite que me propõe o sono reparador,

retira-me a capacidade de descansar,

levanto-me de tempos a tempos,

para tentar dormir de seguida,

ainda que seja de pé, mas nada.

A noite não é minha amiga,

castiga-me por ser tardio no dormir,

e quando o tento, acorda-me.

É tarde, quero dormir,

olho as estrelas, desenho a lua num céu escurecido,

mas nem elas me ajudam, não consigo,

mas vou tentar de novo.

21
Set20

Conversas cruzadas (2013)


canetadapoesia

 

 

Pela esplanada repleta,

caracoleando ao sol de quase inverno,

cruzam-se conversas,

trocam-se impressões,

põe-se em dia a conversa,

que os dias de chuva atrasam.

Conversas cruzadas

enchem-nos os ouvidos,

esvaziam-nos o cérebro,

do seu conteúdo nada nos fica

no olhar ausente que as ignora.

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