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Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

10
Nov20

Noite serena (2013)


canetadapoesia

 

 

E veio a noite serena e calma pôr ordem no caos,

abriu a escuridão do céu e encheu-o de estrelas,

tão brilhantes que quase ofuscaram o brilho da lua,

e juntas,

iluminaram esta terra,

que se encheu do branco que o céu cinzento lhe enviou,

que transformou em água toda a brancura deste gelo inusitado,

que cobriu a terra da humidade necessária à renovação.

Encheu corações de esperança,

que de um desajuste inesperado,

se podem afinal criar outras vidas,

outros caminhos de felicidade e futuro,

bastando para tanto,

vontades,

e muitas estrelas que se juntam e,

com a lua de permeio iluminam a nossa existência.

09
Nov20

Quente e frio (2013)


canetadapoesia

 

 

Então o sol, que despertara mais tarde,

apercebe-se desta anomalia estratégica

que lhe retira a primazia do reinado

sobre a terra que quer quente e que,

sempre manteve envolvida pelos seus acalorados raios.

E atira com força

uns quentes e rápidos laivos do seu poder,

aquecendo o que era frio,

derretendo o que em água se tornará,

ao mesmo tempo que fecunda a terra sedenta

da vida que aí virá, na primavera, entenda-se,

que já não vem longe e se aguarda com ansiedade.

08
Nov20

Vinho


canetadapoesia

 

 

Diligentemente mo serviu,

quase um dedo deitado no fim de um elegante copo.

Tinto, que era o que melhor cabia

nesta refeição de bacalhau à lagareiro.

Delícia!

Como posso ter mau gosto,

se as papilas gustativas me exigem

coisas que só o dinheiro paga e não o tendo,

há que descobrir!

Mas gosto? Isso nem se fala,

percorro os labirintos gustativos,

círculo pelas auto-estradas do bom gosto,

perco-me no mundo da elegância.

Mas o vinho de que falava,

porque me perco na vertigem da conversa,

caiu-me em cheio na língua,

um pequeno enrolar do gosto,

pela boca ansiosa de o testar,

engolida a pequena prova,

que não sou de perder vinhaça,

aspirado o aroma e Uhau!

Na mouche!

Vinho da casa, mas de uma excelente zona,

e assim,

nestas andanças se ganha em conhecimento e esperteza.

É que vinho da casa não é só aquele que,

em alguns locais,

é o vinho de segunda escolha.

Este foi de truz!

07
Nov20

Sereias


canetadapoesia

 

 

Sentado no paredão sobranceiro às águas do rio,

perdido no olhar de quem se perde no marulhar das ondas,

absorto, tão distante e tão perto.

O bater suave das pequenas ondas no molhe

anestesia-me os sentidos, amolece-me o corpo,

o sussurro que sinto penetrar-me na alma

provoca-me um sorriso na face, satisfação.

O sol encandeia-me a visão,

entre mim e a água, ia jurar, que ali passou uma sombra,

uma sereia, julguei, bem sei que é coisa que não existe,

mas na terra onde assento os pés, sim,

sereias há e esta é uma delas,

uma sereia em terra,

só para me agradar os olhos de visão turva.

06
Nov20

Coexistência


canetadapoesia

 

 

Voam gaivotas,

esvoaçam patos,

poisam nos pontões adormecidos

pelo marulhar das águas calmas

sussurrantes em delírio,

coabitam nos mesmos locais,

cruzam-se em voo,

poisam sem se cruzar,

debicam pequenos moluscos

aqui e ali pendurados.

Sem guerras, sem alarmes,

coexistem no mesmo espaço,

as gaivotas cinzentas e brancas,

os patos negros com laivos esverdeados.

Coabitam, coexistem,

sem que as diferenças entre eles,

seja motivo de conflitualidade.

05
Nov20

Cacilheiro (2013)


canetadapoesia

 

 

Imponente, o velho cacilheiro,

aproximava-se de um cais há muito conhecido.

Arribou ao molhe tomando posição,

amarras lançadas ao cais,

acostado e seguro abre os portalós.

A gente desembarca em correria louca,

para chegar nem sei onde,

e o cacilheiro aguarda agora

nova vaga de gentes que entram,

que se acomodam às vistas que ele proporciona,

que partem na dormência que só o rio oferece,

na forma de um velho cacilheiro.

Fecham os olhos e dormitam por um pouco,

ou sonham com outras águas,

mares distantes, sem cacilheiros,

navios de cruzeiro, talvez,

adormecidos pelo leve balançar,

que o manso ondular do rio oferece.

04
Nov20

Adrenalina pura (2013)


canetadapoesia

 

 

Surgiram do horizonte e,

repentinamente volteavam diante de mim,

ao sabor do vento navegavam paralelos

até que um deles, mais afoito e destemido,

desafiando o vento que o açoitava,

se destaca e afasta veloz.

Largou o spy aproveitando o vento de popa,

deu um salto sobre a água,

partiu à desfilada largando o outro e,

na estonteante velocidade

da frágil e pequena embarcação,

desafiou a natureza voando sem medos,

com receios nenhuns galgou as águas do rio,

deixando nos tripulantes o doce sabor da pura adrenalina.

03
Nov20

Opacas


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Sinto o peso da noite longa,

escabrosa e densa de escuridão infinda,

e no horizonte as nuvens,

baixas, opacas,

cobrindo todas as esperanças de claridade,

criando uma ausência de luz interminável,

arrastando-nos para o abismo,

porque a vida já pouco se suporta.

02
Nov20

Rubro (2013)


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Sinto-te correr-me

pelos canais a que chamam veias,

vais grosso e pastoso,

mas quando extravasas os canais

em que a custo te conténs,

sais de rojo, esguichas,

e vens vermelho, rubro,

das raivas que te contiveram encanado,

confinado ao teu ciclo fechado,

o ciclo da vida que manténs.

01
Nov20

Chocolate (2013)


canetadapoesia

 

 

Doce e quente como chocolate,

assim sentia aquela pele,

morena por nascimento,

não por aquecimento do sol.

Passava-lhe as mãos no corpo,

extasiava-se com as ondas,

que seus dedos irrequietos

subiam e desciam sem parar.

Na petulância da satisfação antecipada,

pelo desejo frenético e exponenciado,

antevia paraísos que nem imaginava,

mas que de celestiais,

só tinham a sensação de leveza,

que o corpo demonstrava depois de os atingir.

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