Era uma enchente de cor e habilidade,
todos no ar, volteando por sobre as cabeças,
corpos cuidados, em losango, triangulo, hexágono,
eu sei lá, uma quantidade considerável de figuras geométricas
enchiam aqueles ares, de encontro ao céu azul,
as suas caudas compridas e aprimoradas,
repletas de folhinhos e laçarotes
bailavam ao sabor do vento que lá no alto as acariciava,
nem eram como Ícaro, porque estes voavam mesmo,
nem o sol, com seus raios de fogo, se atrevia a molestá-los.
Cá por baixo, com os pés assentes na terra,
uma longa guita a segurá-los,
dançavam sorrisos nos rostos das crianças,
pequenas sim, mas com o brilho intenso num olhar,
que foi capaz de criar o seu próprio brinquedo,
o seu prazer de criança ali esvoaçante.
Nos adultos, crianças também, um olhar de orgulho,
conseguiram incutir nos rebentos,
o gosto e prazer da descoberta, da aventura,
da força criativa de cada uma daquelas pequenas mentes
ainda em construção, ainda em desenvolvimento,
mas já abertas para o mundo que queriam construir,
pensando por si, fazendo pelas suas próprias mãos.