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Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

30
Dez20

Frasco de mel (2013)


canetadapoesia

 

 

Disseste-me frases soltas

cheias de um sentido que me desnorteou,

desmontaste as minhas recusas,

sem rodeios me envolveste,

sem medos me tomaste a vontade.

Eu sem meios de resistência

perante tanta insistência,

recuei um passo, para logo avançar dois,

perdi-me em ti que me controlaste os sentidos,

me levaste ao paraíso e por fim deitaste o frasco,

de onde entornaste o mel, calmo e quieto,

que nele residia sereno e contido.

29
Dez20

Declaro-me inocente (2013)


canetadapoesia

 

 

De uma coisa estou certo,

sou inocente,

ainda que as provas apontem para mim,

mesmo que mil testemunhos afirmem o contrário,

declaro-me inocente.

E é verdade que tudo indica que tenha sido eu,

mas na verdade eu nego,

e nego tudo o que já está indiciado,

e mais nego o que puder vir a ser ainda apontado,

porque eu me declaro inocente.

E se outra coisa não possa fazer

ante tamanho volume de provas e testemunhos,

se nenhum álibi me isentar

e possa até acrescentar que a culpa, a existir,

não é minha, mas da sociedade que me rodeia,

mesmo que não aceitem esta pueril desculpa,

ainda assim, não me sinto culpado,

como tal, declaro-me inocente.

28
Dez20

Papagaios no ar


canetadapoesia

 

 

Era uma enchente de cor e habilidade,

todos no ar, volteando por sobre as cabeças,

corpos cuidados, em losango, triangulo, hexágono,

eu sei lá, uma quantidade considerável de figuras geométricas

enchiam aqueles ares, de encontro ao céu azul,

as suas caudas compridas e aprimoradas,

repletas de folhinhos e laçarotes

bailavam ao sabor do vento que lá no alto as acariciava,

nem eram como Ícaro, porque estes voavam mesmo,

nem o sol, com seus raios de fogo, se atrevia a molestá-los.

Cá por baixo, com os pés assentes na terra,

uma longa guita a segurá-los,

dançavam sorrisos nos rostos das crianças,

pequenas sim, mas com o brilho intenso num olhar,

que foi capaz de criar o seu próprio brinquedo,

o seu prazer de criança ali esvoaçante.

Nos adultos, crianças também, um olhar de orgulho,

conseguiram incutir nos rebentos,

o gosto e prazer da descoberta, da aventura,

da força criativa de cada uma daquelas pequenas mentes

ainda em construção, ainda em desenvolvimento,

mas já abertas para o mundo que queriam construir,

pensando por si, fazendo pelas suas próprias mãos.

27
Dez20

Papel e caneta (2013)


canetadapoesia

 

 

Estendia-a à minha frente,

branca, imaculada,

quase uma aparição celestial,

juro que por momentos,

olhando para ela atentamente,

me pareceu descortinar um sorriso

e uma voz se fez ouvir,

eu juro que ouvi,

vem, traz a caneta,

senta-te ao pé de mim,

assim rezava a voz,

e eu sentei-me,

trouxe a caneta, pousei-a a seu lado.

O quadro era espantoso,

uma branca folha, imaculada e virgem,

a seu lado uma caneta, preta e com tinta suficiente

levantou-se em direcção à folha virgem e,

levemente ao princípio,

depois mais arrebatadoramente,

conversaram, trocaram ideias, escreveram coisas,

tornaram-se inseparáveis,

hoje é vê-las enlaçadas por momentos de puro prazer,

as letras, que ao juntarem-se,

criam palavras na folha imaculada.

26
Dez20

Por assim dizer (2013)


canetadapoesia

 

 

Satisfaço-me com pouco

embora tenha gostado e ainda gosto,

não de marcas,

mas de gosto requintado,

é verdade,

dou-me por ter bom gosto,

infelizmente insuficiente,

para as aquisições de que gostaria.

Mesmo assim,

contento-me com pouco,

sou feliz com o que tenho,

em abono da verdade, nada me falta,

mas necessitava de dinheiro,

muito dinheiro,

não para mim,

que me contento com pouco,

mas para tantos que dele necessitam como do pão para a boca.

Precisava de o ter,

em quantidade que me permitisse,

seguir o caminho que Deus me traçou e

ajudar quem precisa,

ele sabe que não falharia,

mas se tiro mais ao pouco que tenho,

acabo a pedir também,

se é que não vai mesmo acontecer.

25
Dez20

Por uma fresta (2013)


canetadapoesia

 

 

Mal fechada, pensei,

entre o sonolento do acordar inesperado,

por uma coisa tão insignificante,

uma fresta, pequenina e quase invisível,

ainda assim entrava a rodos,

enchia-me a cama,

acertava-me nos olhos.

Meio abertos os olhos, viro-me para o local,

nada mais vejo que um ponto de luz,

tão pequeno como intenso e direccionado,

no seu rasto ficava um cone de calor e luz

e ao alargar, chegava-me a todo o corpo,

aconchegava-me o calor por sobre a coberta,

acordava-me invariavelmente à mesma hora,

e eu sabia que o dia era de sol e calor, de verão.

23
Dez20

O sol atrevido (2013)


canetadapoesia

 

 

Olho o sol e sinto o calor,

fecho os olhos e sinto o sonho,

estendo a mão e toco-te,

ao meu lado o teu corpo aquecido,

tenho ciúmes,

porque estou a teu lado,

porque seguro tua mão e te sinto,

mas o teu corpo, esse,

é o sol que o acaricia, atrevido,

não te segura a mão, não te sente,

mas estende os seus raios e,

abraça-te com todo o seu calor,

envolve-te e toma teu corpo por inteiro,

para meu desespero, para inveja minha.

22
Dez20

Não era só um barco


canetadapoesia

 

 

Não, não era só um barco,

com leme, vela grande e genoa,

e quando lançava o spi então,

nem barco era, seria qualquer outra coisa,

uma nave que atravessa o espaço

entre o céu e o mar,

ao sabor do vento que o empurrava

enfunando-lhe as velas de tal forma

que quase de balões podíamos falar,

e ele vogava, navegava sobre as águas,

que lhe ficavam sob o largo bojo.

Não, não era só um barco,

era uma parte de nós, um bocado de sonho,

era o Alforreca II, um veleiro, um barco,

talvez mesmo uma nave que, para além do sol,

também conhecia a lua e namorava o mar

destas águas por onde transportava

ilusões, sonhos e prazeres inolvidáveis,

sempre ao sabor dos ventos e no balanço das ondas.

21
Dez20

Encantamento (2013)


canetadapoesia

 

 

Vem, não receies, levo-te comigo,

vais conhecer meus sonhos,

vais saber como me encanto,

nesta viagem em que me acompanhas,

também vais saber porque te quero,

como companhia, como parceira,

e quem sabe,

num dos intervalos do encantamento,

o transformemos em algo mais.

Mas não receies, porque te levo comigo,

sobretudo,

porque te quero como encantamento,

duradouro, eterno enquanto te encantar.

20
Dez20

Um dia…


canetadapoesia

 

 

Será diferente, um dia,

um daqueles dias em que por sorte ou destino,

as coisas mudem e se transformem,

um dia será, quando não sei,

mas sei, tenho mesmo a certeza,

que um dia vai ser,

e nesse dia, nesse precioso dia,

de sorte ou destino traçado,

vai ser diferente eu sei, tenho a certeza,

que um dia será totalmente diferente.

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