As redes (2014)
canetadapoesia
No mar, alto como convinha,
balançava ao sabor das ondas,
ora a bombordo, ora a estibordo,
nessa acalmia de mar manso, lançavam as redes à água,
esperavam que um golpe de sorte as enchesse.
Nisto passavam os dias,
porque as noites eram mais trabalho,
para armazenar, congelar e preparar o pescado
que a fortuna do dia lhes trazia,
com sorte ainda descansavam um pouco.
Com estes golpes da sorte ou azar regressam a terra firme,
extenuados e cobertos do cansaço da faina,
logo ao pôr o pé em terra firme saberiam se a sorte
era magra ou gorda, se a ceia era carne ou simplesmente sopa.
Tudo dependia dos “mercados”,
que o trabalho duro do homem,
o esforço abnegado da procura do pão,
nada custava para eles, os” mercados”.