Sinal fechado (2014-12-23)
canetadapoesia
O carro parou ao lado,
vidros fechados em ambos,
cabeças viradas e do outro lado veio um sorriso,
tão devastador que se diria abranger toda a face,
abriu-se o vidro do lado do passageiro,
e este manteve-se fechado,
quase uma palavra através daquela janela,
a acompanhar o sorriso ainda maior,
baixou a cabeça envergonhado,
elas estão mesmo assanhadas, pensou,
e quando ia abrir o seu vidro também,
para retribuir tamanho sorriso e,
quem sabe, devolver a palavra que não veio,
abriu o sinal, o transito fluiu.
Na estrada ficaram os sorrisos trocados,
talvez um fugaz momento desperdiçado,
um pai Natal repentino numa época de boas intenções.