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Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

21
Mai21

Jogo de luzes (2014)


canetadapoesia

 

 

Reflecte-se na luz sobre a sombra

que de negro pinta a rua

e por ela se filtram os momentos.

Nas sombras projectadas,

desfasem-se os sonhos,

em luz e contraluz,

em sombra sobre a luz,

em luz apagando a sombra,

a sombra desvanecendo.

Um jogo de luz e sombra,

uma vida de sonhos,

com fugazes lampejos de luz.

20
Mai21

Pairam no ar (2014)


canetadapoesia

 

 

Sob este céu azul e límpido

pairam nuvens que se adensam,

anunciaram-se de um branco,

cujos imaculados princípios

se foram esbatendo

em bátegas da imensidão oceânica.

Escurecendo no dia a dia

da impostura manchada da perfídia ignóbil,

das traições diáfanas em salões de mármore dançante.

“Anegram-se” na constância do “irrespeito” da vida humana,

que da dignidade vai perdendo a noção que já nem a atormenta.

Já se ouvem os estalinhos que de tão longe serem,

parecem um bater de palmas,

mas nem o rufar dos tambores

desperta a amnésia dos tempos,

em que da lembrança fica a negritude

dos dias e das noites sem outra cor que o avermelhado,

dos clarões ruidosos da intolerância.

19
Mai21

Seda pura (2014)


canetadapoesia

 

 

Logo ao primeiro toque

no seu corpo dourado,

sentiu a seda da sua pele,

lisa, macia, expectante,

o seu desejo dela

de imediato se revelou,

física e espiritualmente,

forte e grande,

duro e ingovernável,

na pureza da seda

uma brecha se abriu

e sobre ela se derramou,

em loucuras imaginadas.

18
Mai21

Choro do corpo (2014)


canetadapoesia

 

 

Na distância segura que os separava,

sentado no muro ensolarado,

apetecia-se naquele corpo

arredondado e cheio de frenesim,

mirava, remirava e voltava a olhar.

Não despregava os olhos

daquela cintura fina,

cujo cinto mais estreitava,

as gotas que da testa lhe deslizavam

não eram mais que ansiedade,

desejo de aproximação,

choro de um corpo em ebulição.

17
Mai21

E Deus criou a raça (2014)


canetadapoesia

 

 

E Deus criou a raça humana,

coloriu-a com matizes,

do celeste arco-íris,

concedeu-lhe o dom de pensar e decidir,

subdividiu-os em bons e maus,

contente apreciou a obra.

 

Verificou que entre eles,

não havia diferenças fundamentais,

confiando, pois, na sua superior capacidade,

na excelência da sua obra.

 

Eram humanos, de várias cores,

apesar de todos seguirem a serpente

e gostarem da maçã que esta lhes ofereceu,

havia um pequeno problema,

não encontravam forma de se entenderem.

16
Mai21

Deixo-me vaguear (2014)


canetadapoesia

 

 

Se te falo com meus olhos,

não o faço por desdém,

se te olho com prazer,

é por sentir algo em mim,

é por sentir algo em ti.

Na profundidade do teu olhar,

mergulho e perco-me,

deixando-me lentamente,

vaguear, em ti.

15
Mai21

Frio (2014)


canetadapoesia

 

 

Está frio,

esta noite está frio,

sinto-me enregelar,

e nada do que me lembre

me consegue aquecer.

Está frio,

sinto-o nos ossos,

sinto-o na pele.

Está frio,

e preciso de ti,

para com o teu corpo,

me envolveres nas ondas do calor,

que só dois corpos juntos produzem.

14
Mai21

Sinal fechado (2014-12-23)


canetadapoesia

 

 

O carro parou ao lado,

vidros fechados em ambos,

cabeças viradas e do outro lado veio um sorriso,

tão devastador que se diria abranger toda a face,

abriu-se o vidro do lado do passageiro,

e este manteve-se fechado,

quase uma palavra através daquela janela,

a acompanhar o sorriso ainda maior,

baixou a cabeça envergonhado,

elas estão mesmo assanhadas, pensou,

e quando ia abrir o seu vidro também,

para retribuir tamanho sorriso e,

quem sabe, devolver a palavra que não veio,

abriu o sinal, o transito fluiu.

Na estrada ficaram os sorrisos trocados,

talvez um fugaz momento desperdiçado,

um pai Natal repentino numa época de boas intenções.

12
Mai21

As redes (2014)


canetadapoesia

 

 

No mar, alto como convinha,

balançava ao sabor das ondas,

ora a bombordo, ora a estibordo,

nessa acalmia de mar manso, lançavam as redes à água,

esperavam que um golpe de sorte as enchesse.

Nisto passavam os dias,

porque as noites eram mais trabalho,

para armazenar, congelar e preparar o pescado

que a fortuna do dia lhes trazia,

com sorte ainda descansavam um pouco.

Com estes golpes da sorte ou azar regressam a terra firme,

extenuados e cobertos do cansaço da faina,

logo ao pôr o pé em terra firme saberiam se a sorte

era magra ou gorda, se a ceia era carne ou simplesmente sopa.

Tudo dependia dos “mercados”,

que o trabalho duro do homem,

o esforço abnegado da procura do pão,

nada custava para eles, os” mercados”.

12
Mai21

O homem dos balões (2014)


canetadapoesia

 

 

Estava ali parado, soprando,

de cada bochecha cheia e esvaziada,

saía um balão inflado.

Eram tantos e de tantas cores,

que as crianças faziam fila,

não para os comprar,

mas para apreciarem tão vasto colorido.

Chegavam, aproximavam-se e apreciavam,

com os olhinhos brilhantes

do desejo pelo brinquedo colorido e,

seguiam com o sonho no olhar.

Uma ficou, não arredou pé,

viu, gostou e ali se embeveceu

das cores que o arco-íris deixou em bolas de ar,

sempre que o vento lhes batia e se movimentavam,

nas mãos da experiência feita vida

do homem que vendia sonhos às crianças,

seguia-os com o olhar triste de quem gostava de ter um.

Apercebendo-se daquela presença,

atenta, mas nada sorridente daquele rosto de tristeza,

de quem gostava, queria, mas não podia,

de quem comovia o coração mais empedernido,

separou um balão do laço que os unia,

o mais vistoso, o mais colorido, o mais inflado,

entregou-lho na mão e, de imediato,

incendiou o mundo com o sorriso mais maravilhoso,

o sorriso da criança onde criou a esperança e o sonho,

e de caminho, melhorou todo o universo que os rodeava.

Ali no sorriso de uma criança, estava a esperança do mundo.

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