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Caneta Da Poesia

Caneta Da Poesia

30
Set21

Esse teu rosto (2014-08-29)


canetadapoesia

 

 

Esse teu rosto sem idade,

sulcado pelos agrestes ventos da vida,

lavrado em profundos canteiros de rosas

pelo vento que o açoitou.

Esse teu rosto marcado,

pelos sonhos que nunca realizaste,

pela dureza que a vida te impôs

no caminhar que o tempo já esqueceu.

Esse teu rosto ímpar,

no contar de estórias inenarráveis

que os anos tornaram irreais à luz que hoje brilha,

que são o testemunho vivo da história que vivemos.

Esses teu rosto risonho,

que tudo viu passar,

que perdoou os males a que não pode fugir,

que sorri, apesar de tudo.

Esse teu rosto vivido,

que traz sulcado a traços profundos,

o mapa do mundo por onde andaste,

os caminhos que calcorreaste.

Esse teu rosto bondoso,

que assistiu a um mundo e acaba noutro,

que merece respeito e recebe despeito,

que tudo faria para saciar os insaciáveis.

Esse teu rosto que eu respeito,

e ainda que os ventos da modernidade,

imberbes e ignorantes,

propalem o contrário, agradeço,

pelo futuro que teu sacrifício me deu.

29
Set21

Esta noite, uma prece (2014-09-08)


canetadapoesia

 

 

Deixo-te esta noite uma prece,

peço-te que nos olhes do alto do teu celeste trono,

e nos perdoes pelos males do mundo.

Não te admires de to pedir,

sou humano,

conheço-os há longo tempo,

sei do que são capazes.

Também te conheço,

sei que és Pai,

generoso e protector.

Rogo-te pois, que os releves,

perdoa-lhes os pensamentos impuros,

sobretudo pelos males com que se autoflagelam.

28
Set21

Encontro de titãs (2014-09-03)


canetadapoesia

 

 

Ali onde o dia se desfazia da noite,

naquele preciso ponto,

no momento em que se fazia a luz,

nas trevas que a noite criava.

Num instante de sublime elevação,

numa concertada loucura do universo,

os extremos juntam-se para logo se separarem,

e deste encontro de titãs renasce a vida,

diariamente,

em todo o seu potencial esplendoroso,

para o bem e para o mal.

24
Set21

Suspensa no ar (2014-09-23)


canetadapoesia

 

 

De onde estava sentado,

apreciava o laborioso trabalho,

e via-a suspensa no ar,

em acrobacias inacreditáveis.

Subia e descia,

umas vezes lentamente,

outras mais apressada,

ia e vinha,

tecendo um misterioso mundo só seu.

Aí nasciam hexágonos,

que a partir de um ponto se multiplicavam,

e a teia de seda desenvolveu-se para cumprir o seu fim.

23
Set21

Inexplicável (2014-09-25)


canetadapoesia

 

 

É uma sensação estranha,

não consigo defini-la,

um misto de alegria e apreensão.

Uma alegria por ter nascido tão naturalmente,

uma apreensão pelo desconhecido de quem o vai ler,

se gostam, se não gostam,

se é bom, se é mau,

não sei, dirá quem o ler.

Para mim foi bom, foi excepcional,

mesmo sabendo que,

a partir do momento em que veja a luz do dia,

deixará de ser meu,

será do mundo que o rodeia,

das pessoas que por ele nutrirem algum carinho.

Mas é um livro de poesia,

um livro que não segue as regras,

que se centra nas palavras que a alma cria e o coração dita.

O meu livro de poesia.

22
Set21

Queria e não queria (2014-08-20)


canetadapoesia

 

 

Queria ir e ao mesmo tempo não o queria fazer,

queria sentir o sabor da maçã,

mas ao mesmo tempo,

temia a experiência da serpente.

Mas o desejo,

a sensação da aventura,

o escorraçar das contingências sociais,

desafiá-las mesmo,

e sobretudo o desconhecido

que uma serpente pode proporcionar.

Queria ir e ao mesmo tempo não queria,

acabou por ir,

provar a maçã,

sentir a serpente enroscar-se em si,

desejar que este fosse o paraíso eterno.

20
Set21

Náufraga (2014-08-16)


canetadapoesia

 

 

Encontrara-a por acaso,

num almoço,

deitei-lhe para cima a esquina do olhar.

Não parecia uma náufraga,

não a vislumbrava a afogar-se,

num qualquer lago profundo,

olhou-me,

e o seu olhar semicerrado não se propôs a coisa alguma,

mas expôs-se,

um ligeiro tremer de lábios nada dizia

se a minha atenção não estivesse desperta,

mas o cerrar de dentes sobre eles,

logo denunciaram o propósito.

Não era náufraga,

mas sem hesitar propôs o pecado da traição.

E daqui tirei a lição da emancipação.

16
Set21

O desejo (2014-09-03)


canetadapoesia

 

 

Num instante de voluptuosa nostalgia

senti despertar em mim

sentimentos adormecidos por tão longa inércia

e cresceu o desejo tanto tempo contido,

como cresceu!

Dele se fizeram lembranças,

recordações de outros tempos,

satisfações mergulhadas na memória

apesar da lonjura da distância e do tempo,

cresceu e avolumou-se.

15
Set21

Dias de doidice (2014-09-17)


canetadapoesia

 

 

Senti-me doido,

nervoso,

sei lá como me senti.

Mas sei que nestas alturas,

a caneta corre-me sobre o papel como nunca,

e escrevo,

escrevo poesia como se a estivesse a viver no momento.

Nem sequer me detenho a avaliar,

despejo o que me vai na alma,

com a mesma violência com que me aparece.

Questiono-me por vezes,

será que vale a pena?

Será que tem alguma qualidade?

Será que alguém a percebe?

Será que me percebem?

Que percebem esta mente deslocada no tempo,

quase a roçar o ensandecimento?

Dias de doidice, nada mais.

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