O meu amigo Tagus (2021-10-31)
canetadapoesia
Eras mais que isso,
não só amigo como companheiro.
Sempre pronto a um passeio na rua,
de que fazíamos amiúde e aumentámos ultimamente,
porque a tua idade, em referência à humana, a isso obrigava,
seriam para aí uns provectos 91 anos.
Mas agora, esta noite, a partir de hoje,
já não vou acordar com o ouvido atento
a todos os teus movimentos no andar de baixo.
As queixas que os teus fracos osso te faziam emitir,
silenciaram-se e deixaram de ser motivo para preocupação.
Estarás agora reconhecendo os verdes campos da serenidade,
cheirando, sentindo odores e, de quando em vez,
elevando as narinas ao vento que te trazia novidades.
Deixaste um vazio que preencheste durante quinze anos,
cheios de carinho e amizade, de ambos os lados,
nunca o esquecerei, nunca deixarei de sentir a tua falta.
As três meninas que criaste, vão sentir a tua falta,
Nem sei como justificar essa ausência,
de quem foi cama e colchão,
desde a tenra idade de rastejar direitas a ti.
Ali ficavas, impávido e sereno,
receando até mexer-te, não fosses assustá-las,
e de vez em quando uma lambidela para que ficassem,
pela vida fora,
inoculadas com os antivírus naturais de que hoje gozam.
Foste cão, amigo, companheiro inseparável,
agora faltas-nos, porque,
foste acima de tudo… família!
Obrigado, Tagus,
pelos maravilhosos anos de companhia.