Eras mais que isso,
não só amigo como companheiro.
Sempre pronto a um passeio na rua,
de que fazíamos amiúde e aumentámos ultimamente,
porque a tua idade, em referência à humana, a isso obrigava,
seriam para aí uns provectos 91 anos.
Mas agora, esta noite, a partir de hoje,
já não vou acordar com o ouvido atento
a todos os teus movimentos no andar de baixo.
As queixas que os teus fracos osso te faziam emitir,
silenciaram-se e deixaram de ser motivo para preocupação.
Estarás agora reconhecendo os verdes campos da serenidade,
cheirando, sentindo odores e, de quando em vez,
elevando as narinas ao vento que te trazia novidades.
Deixaste um vazio que preencheste durante quinze anos,
cheios de carinho e amizade, de ambos os lados,
nunca o esquecerei, nunca deixarei de sentir a tua falta.
As três meninas que criaste, vão sentir a tua falta,
Nem sei como justificar essa ausência,
de quem foi cama e colchão,
desde a tenra idade de rastejar direitas a ti.
Ali ficavas, impávido e sereno,
receando até mexer-te, não fosses assustá-las,
e de vez em quando uma lambidela para que ficassem,
pela vida fora,
inoculadas com os antivírus naturais de que hoje gozam.
Foste cão, amigo, companheiro inseparável,
agora faltas-nos, porque,
foste acima de tudo… família!
Obrigado, Tagus,
pelos maravilhosos anos de companhia.
Durante dias esperava ansioso
pela hora em que me deleitaria,
com este olhar guloso sobre teu corpo.
Via-te de longe, mas mesmo assim,
com a distância a separar-nos,
não deixava de me sentir enamorado e,
do teu corpo curvilíneo,
arredondado por luminosas estrelas,
inocentemente me apaixonei e assim,
diariamente desejei que o momento chegasse
a tempo do desejo de ti.
Na negrura da noite, daqui de onde te olho,
ressalta o ensejo de te ter por perto,
e do brilho das cinco estrelas que se compõem,
nessas tuas curvas de volúpia pura,
brilham em estrela na tua forma de “w”,
ilumina-se a noite do prazer que me dás,
e da via láctea que se sobrepõe,
és mais uma luz no caminho,
que nos leva a Santiago.
Assim partes pelos caminhos da descoberta,
não andas nem caminhas por ti,
antes, descobres o mundo por outros,
e no caminhar de teus dedos
sobre as extensas folhas da história,
logo vais desbravando a estrada
que à luz te conduz.
No conhecimento que extrais
de tão alvas páginas que escrevem
as outrora escuras passagens da vida,
retiras o sumo da existência e,
com a surpresa do agora olhar,
verificas que afinal,
do actual correcto percebido,
não és mais do que o contrário,
que a história consagrou
em séculos de evolução.
Estás velha e cansada,
e, no entanto, acolhes-me
debaixo do tecto que formas
com os teus descaídos ramos.
Na passagem do tempo,
que em ti deixa marcas,
nem o peso dos frutos que te vergam
são suficientes para te quebrar,
e nessa vontade férrea,
renovas-te ano após ano e,
acolhes-me sob os teus ramos.
Mesmo que nenhum rasgo me ocorra
com a queda de um dos teus frutos,
continuas a dobrar-te ao peso dos mesmos,
que vingam de teus braços cansados,
e eu acolho-me à tua sombra protectora
de macieira secular que se verga,
mas cujo peso não a quebra.
Porque um amigo é algo de insubstituível,
a amizade não olha a credos,
não liga a políticas,
não se importa com opções,
não lhe interessa as regiões,
muito menos as nacionalidades,
a palavra amizade,
diz tudo de per si,
por isso somos amigos,
daqui e de todo o mundo,
por isso nada no universo nos afasta
desta amizade que nos acompanhará,
do primeiro ao último dia
das nossas vidas de amigos.
Em antecipação do prazer,
corre o fecho éclair,
descobre a abertura onde,
com deleite e talvez um pouco da luxúria
que o corpo lhe solicita,
introduz os dedos, corre-os de um a outro lado,
sente a maciez dos finos folículos
que nos dedos se lhe enrolam.
Escancara a abertura e introduz o nariz,
o órgão em que mais sente o afrodisíaco odor,
extasiado,
aproxima o instrumento e introdu-lo na abertura,
com os dedos enche-o e calca-o com a ternura da experiência
que os rápidos e ágeis dedos possuem,
leva-o à boca e mordisca-o por momentos,
acende o fósforo,
aspira o fogo que no interior da fornalha
acende uma chama lenta, mas poderosa.
Numa suave baforada expele o fumo
que o prazer de tanta excitação lhe causou.
Estava, finalmente, a fumar do seu melhor cachimbo,
que volúpia, que prazer,
um autêntico orgasmo entre fumos e chupões.
Manchado do sangue
que não devia ser vertido,
em farrapos de ânimo,
com a alma estropiada
e a farda já rasgada
de tanta violência incontida,
ainda assim, se considerava um Deus.
Tinha nas mãos o instrumento,
a varinha de condão,
que possibilitava a vida ou a morte,
à sua frente o resultado macabro,
da sua irracional utilização.
Sentindo no rosto o calor,
de um astro rei em chamas,
procuro a frondosa sombra,
que me arrefeça os humores.
Debaixo desta sombra,
frondosa e verdejante árvore,
me acoito e relaxo,
dos insanos dias de cólera.
É único, não existe outro assim,
é um país que dentro de si tem todo um mundo.
Há por aqui uma rua que tem um nome,
chama-se rua da angolana,
até aqui tudo certo, um nome como qualquer outro.
Mas acontece que esta rua é especial,
não por ser da angolana, mas por ser por si só um universo.
Nesta rua há especialidades chinesas e mais todas as orientais,
especialidades africanas e mais as sul americanas,
europeias são as que se queiram,
pode até comer-se um célebre cozido à portuguesa,
isto depois de uma boa moambada.
E ainda há quem ache que Portugal é pequenino!
No começo eram só intimidações,
arruaceiros e provocadores,
destabilizando a ordem civilizada,
aterrorizando os seus concidadãos,
destruindo vidas,
delapidando bens.
No passo seguinte passaram à agressão,
o terror subiu de tom,
mas ninguém se lhes atravessava,
ninguém lhes punha cobro.
Finalmente prenderam aleatoriamente,
mataram indiscriminadamente,
o seu povo temeroso e alheio,
já nada podia fazer para os travar,
seguiram para a guerra.
Combateram, mataram, destruíram,
e morreram em nome de uns loucos,
que se acoitam nas leis de alguém supremo,
que nem conhecem, mas veneram e,
como maus seguidores,
distorcem a sua palavra a seu belo prazer.
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