Duas caixas de cartão (2014-10-20)
canetadapoesia
Vi-o num canto de paredes,
num vão de prédio,
protegido da chuva,
que dos ventos se protegia
com uma caixa de cartão,
espalmada,
a fazer de antepara.
No outro caixote se encolhia,
do vento e dessa fome,
terrível flagelo que o acossava e
lhe formigava o vazio estômago,
há muito esquecido
dos aconchegos da vida,
e agora,
votado ao abandono,
por uma sociedade que esqueceu,
os princípios da decência e solidariedade.