Ao meu egoísmo (2015-08-26)
canetadapoesia
De que me queixo afinal?
Só se for de ser homem e feliz.
Já escrevi alguns livros,
plantei árvores sem conta,
tenho dois filhos maravilhosos,
duas netas extraordinárias,
e mais um sem fim de estrelas brilhantes
que sobre mim derramam a sua luz.
Queixar-me de quê? Só se for por puro egoísmo
ou talvez aquela reminiscência que,
ao fim destes anos todos,
ainda me persegue o subconsciente,
mas isso fazia parte da geração a que pertenço,
era o destino dos homens da minha idade,
uma mácula na estrada que foi esta vida,
uma marca geracional, um ferrete.
Por isto tudo e mais o que houver,
posso dizer sim, sou um homem feliz,
tenho o que me faz sentir humano,
que me atrai emoções e sensações imensas,
conheci mundo, não todo, ainda,
aprendi com a vida e pela caminhada da estrada
onde ora fazia sol, ora se nublavam os caminhos,
e afinal o que sei, o que aprendi?
Nada, pouca coisa, sei que tenho tanto ainda para aprender,
assim tenha o tempo que o tempo me der
porque nesta correria ainda sou a criança de outrora,
e tanto que há para aprender,
e tão pouco o tempo de que dispomos para tal.
Portanto, de que me queixo? Puro egoísmo,
acho eu quando me ponho a falar aos meus botões.
Porque só tenho de meu o que posso levar comigo,
porque o espaço será curto,
porque não poderei levar bens materiais,
assim, levo o que melhor me acompanhou pela vida,
o carinho e amor por todos os que me são queridos,
as amizades que me vão acompanhando
e este enorme coração que todos alberga.
Afinal de que me queixo?