23
Mar21
Ausência (2013)
canetadapoesia
Os sons chegam-me quase inaudíveis,
não é que estejam longe,
ou que sejam em surdina,
mas é que os ouço em repetitivas cantorias,
sonoridades sonolentas e rítmicas,
sem encanto, sem efeito, indolentes.
Encerro os meus canais auditivos,
não ouço o que não quero,
os sons que me chegam
vêem quase silenciosos,
pequenos rumores se aproximam,
longínquos à minha audição.
Sinto-me ausente do ruído real,
ausente do discurso que me rodeia,
só deixo entrar o que quero,
mesmo estando presente, estou sempre ausente.
Vejo, falo, ouço, não vejo, não falo, nem sequer ouço.
Porque não quero e me recuso.