Cosmos (2013)
canetadapoesia
Aventurei-me, fui por aí fora,
para além da atmosfera, ultrapassei-a,
e onde outros têm de ir em naves especiais,
vestidos com fatos apropriados,
eu fui, só com a minha roupinha habitual,
nada de fatos pressurizados nem naves espaciais.
Bastou-me levantar os braços,
assim como o super-homem.
Elevei-me nos ares,
ganhei velocidade e num repente,
volteava sobre oceanos e continentes a uma altura,
tão distante, que tudo me parecia feito a uma escala menor.
Era ver-me alucinado,
olhos esbugalhados e abertos ao mundo,
abertos ao mundo na verdadeira acepção da palavra,
porque o mundo estava ali a meus pés,
debaixo do meu olhar.
Dava voltas no ar, fazia o pino e,
até me deitava-me de costas com as mãos sob a cabeça,
incrível o que a ausência de gravidade permitia,
era um autêntico super qualquer coisa.
Foi quando acordei do meu sonho,
mas não deixei de nele pensar.
Reflecti no que o sonho me mostrou e vi,
vi outras coisas,
descobri que podia descortinar os países,
cujo desenvolvimento fosse maior que outros e vi,
com tristeza minha que muitos se mantinham no escuro da noite,
enquanto outros,
luminosos e brilhantes a acendiam, ainda assim,
inexoravelmente caminham para uma nova escuridão,
a humana,
aquela em que o valor das pessoas,
nada significa face ao valor do dinheiro,
uma abjecta civilização que mais tarde ou mais cedo,
criará das maiores escuridões da história,
que já conhecemos e por que passámos,
mesmo assim, o homem moderno, o sem memória,
não aprende com os erros passados e neles cairá de novo.