Custa cada vez mais (2014)
canetadapoesia
É que custa muito, cada vez mais,
fico exausto, descontrolo-me,
já não suporte com facilidade,
a presença de outros humanos,
quero o silêncio que me ensurdece,
ouvir os pássaros sem interrupção pela voz humana,
sou um bicho do mato,
habituado ao rumor do vento nas árvores,
sentindo o rastejar das serpentes,
ou o borbulhar do jacaré quando vem buscar ar,
e estou a piorar com os anos.
Quero viver no campo, longe da civilização,
acordar com o ruído do sol a nascer,
adormecer com o ronronar da lua sobre mim,
escutar o som das plantas a crescer
e o chilrear da passarada ao fim do dia.
Quero muito o silêncio que minha alma anseia e que,
na cidade ruidosa não consigo encontrar.