26
Jan20
Levantar de olhos (2011)
canetadapoesia
Escrevia as patetices do costume,
dedilhava o teclado ao sabor do que me vinha à cabeça,
textos, poesia, coisas diversas,
pelo rabinho do olho sinto uma sombra,
levanto a cabeça e deixo-a viajar até à janela,
e pelo vidro duplo de que é construída,
assisto ao espectáculo da natureza,
como se tivesse sido preparado só para meu deleite,
cai uma folha seca da árvore em frente,
cai outra e mais outra e,
neste corrupio de quedas, pasmo,
talvez uma rajadita de vento,
ou quem sabe o cansaço da espera de vez,
caem como flocos de neve,
seguidas e em quantidade espantosa.
O espectáculo da natureza em todo o seu esplendor.