Não era só um barco
canetadapoesia
Não, não era só um barco,
com leme, vela grande e genoa,
e quando lançava o spi então,
nem barco era, seria qualquer outra coisa,
uma nave que atravessa o espaço
entre o céu e o mar,
ao sabor do vento que o empurrava
enfunando-lhe as velas de tal forma
que quase de balões podíamos falar,
e ele vogava, navegava sobre as águas,
que lhe ficavam sob o largo bojo.
Não, não era só um barco,
era uma parte de nós, um bocado de sonho,
era o Alforreca II, um veleiro, um barco,
talvez mesmo uma nave que, para além do sol,
também conhecia a lua e namorava o mar
destas águas por onde transportava
ilusões, sonhos e prazeres inolvidáveis,
sempre ao sabor dos ventos e no balanço das ondas.