23
Nov20
Pequeno pavio (2013)
canetadapoesia
Senti o ruído da cabeça do fósforo,
raspou ao de leve na superfície áspera da caixa,
acendeu-se à velocidade da luz e dela fez iluminação,
aproximei-o com cautela da vela, virgem ainda,
que o aguardava na serena pacatez da cera que a compunha,
ao seu pequeno pavio encostei a minha chama intensa,
acendi-o, iluminou-se, contorceu-se um pouco,
mas a vibrante chama com que me mimoseou,
iluminou minha noite e estonteou-me a memória,
já não me lembrava como as velas acendiam,
como se contorciam os seus pavios,
mal o fogo intenso se lhes chegasse e as iluminasse,
mesmo que isso significasse queimar-lhes o pequeno pavio.