Similitude (2013)
canetadapoesia
Absorvido pelo brilhante metalizado da torneira
fixei o pingo de água que se desprendeu,
soltou-se do fio que o conduzia,
caiu desamparado no lavatório e,
como num gigantesco microscópio,
dei por mim a seguir-lhe o movimento,
vi-o tombar, bater no fundo,
com espanto, vi que um simples e frágil pingo,
se espalhou por uma vasta área.
Pensei com os meus botões, única forma de pensar para mim,
se fosse um pingo de amor,
que caísse do céu aos trambolhões nesta imensa terra,
e dessa queda surgisse uma enorme cadeia de micro pingos
que ao espalharem-se livres, produzissem amor,
em quantidade e com a qualidade
que o mundo merece e urgentemente necessita?