19
Jan20
Vácuo (2011)
canetadapoesia
Olho-te sem te ver,
passas-me à frente e nem noto,
mas tenho de te ter ligada,
para fazer ruído, ou companhia,
debitas sons estranhos a meus ouvidos,
palavras soltas que nada me dizem e
verberas em discursos pomposos
de uns e outros ditos eruditos,
e eu nada, não te ligo nenhuma,
és um vácuo total na minha retina.
Na maior parte das vezes estás ligada,
e eu desligado de ti, sem te ver,
com estes olhos que vêem o mundo,
por um prisma muito diferente,
sem imagens distorcidas nem parangonas,
pelos livros que leio enquanto estás ligada,
e por isso, volta não volta levanto-me e
trás, catrapuz, desligo a televisão.